
A situação precária da pesquisa científica no Brasil é um indicativo de um problema mais amplo que permeia toda a sociedade: a negligência daqueles que não desejam a universalização da educação pública de qualidade e progresso científico e tecnológico do país.
A partir de 2016, quando Michel Temer deu um golpe junto com o Congresso Nacional para assumir a Presidência, os recursos destinados à educação e à ciência sofreram cortes drásticos, repercutindo negativamente em todos os níveis da formação acadêmica e na investigação científica em todas as disciplinas. O governo de Jair Bolsonaro piorou a situação.
Essa desvalorização resultou em um período em que os pesquisadores tiveram que trabalhar em condições mais precárias, o que estagnou as oportunidades de desenvolvimento e tirou do nosso país a chance de se distinguir no cenário mundial.
Além de cortar quase a metade dos orçamentos de custeio que sustentam o dia a dia das universidades federais, Bolsonaro cortou praticamente a metade dos recursos que seriam destinados para investimentos, necessários para aperfeiçoar laboratórios de pesquisas, aquisição de equipamentos, livros e computadores, por exemplo.
A crise nas instituições Capes e CNPq, principais responsáveis pelo financiamento da pesquisa científica no Brasil, é um exemplo ilustrativo da precária situação científica que nosso país viveu nos últimos anos. Estima-se que os cortes reduziram pela metade os recursos disponíveis entre 2020 e 2021. Em 2022, o governo chegou a cortar a bolsa de mestrado, doutorado e pós-doutorado de quase 200 mil pesquisadores.
Desmotivação
A escassez de recursos também interfere na qualidade da pesquisa produzida no país. Com a falta de condições adequadas, muitos pesquisadores não conseguiram conduzir seus experimentos e estudos de maneira apropriada, comprometendo a qualidade dos resultados. Isso desencoraja muitos jovens a seguirem a carreira de pesquisa, uma vez que as perspectivas de emprego e financiamento são incertas e instáveis.
Outro fator relevante é a falta de investimentos em infraestrutura para a pesquisa. Muitos centros de pesquisa no Brasil tiveram que continuar lidando com a falta de equipamentos e laboratórios adequados para a realização de seus estudos. Isso limitou a execução de experimentos mais avançados e restringiu o alcance de muitas pesquisas.
Impactos na sociedade
A falta de investimento em pesquisa científica no Brasil também tem consequências diretas na economia do país. Além de prejudicar as políticas públicas, que dependem das inovações e dos estudos realizados dentro das universidades públicas, as empresas brasileiras também dependem de profissionais mais qualificados para aumentar sua capacidade de inovar e competir no mercado global. Sem isso, o crescimento econômico do país fica prejudicado.
Portanto, é imprescindível que o novo governo brasileiro faça investimentos cada vez mais significativos na pesquisa científica e no desenvolvimento tecnológico do país.
Isso implica na alocação de recursos suficientes, na implementação de políticas públicas que promovam a inclusão e a diversidade na pesquisa, e no aprimoramento da infraestrutura disponível para os pesquisadores. Somente dessa forma o Brasil poderá garantir um futuro próspero e sustentável.
A liberação de quase R $2,4 bilhões em abril representou um avanço muito grande em relação ao passado recente. É um começo, mas nosso campo de produção de conhecimento precisa de muito mais amparo e investimentos para se recuperar do estrago causado pelo governo Bolsonaro.
Construir o futuro
A pesquisa científica é vital para o progresso de qualquer país. Ela gera novos conhecimentos, inovações e tecnologias que têm um impacto direto na qualidade de vida das pessoas. Além disso, é um motor de crescimento econômico, capaz de criar empregos, renda e riqueza para a sociedade como um todo.
No Brasil, o papel da pesquisa científica é ainda mais crucial, dada a complexidade e diversidade do país. Temos um enorme potencial para desenvolver tecnologias e soluções que respondam às necessidades e demandas específicas do país e da região. Mas, para que isso aconteça, é essencial investir em pesquisa, formação de profissionais e melhoria da infraestrutura disponível.
Fonte: APUFPR