Vitória contra o negacionismo: defensores “kit Covid” são condenados em R$ 55 milhões por propaganda

26 de maio de 2023
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O Brasil vem passando por importantes mudanças nesse último período, não apenas na política nacional e na retomada dos investimentos em áreas essenciais, como a educação, mas também no enfrentamento ao extremismo, que trouxe muito sofrimento aos brasileiros nos últimos anos, especialmente durante a pandemia de Covid-19.

Em uma decisão histórica, a Justiça Federal do Rio Grande do Sul condenou em R$ 55 milhões um grupo de defensores do chamado “tratamento precoce”, uma mentira espalhada por negacionistas apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro, que ocasionou a morte de milhares de brasileiros que deixaram de adotar medidas de prevenção e cuidados com a doença após receberem informações falsas sobre medicamentos que se comprovaram ineficazes no combate à Covid-19.

As sentenças são decorrentes de processos por danos morais coletivos e à saúde ajuizadas pelo Ministério Público Federal (MPF) no estado. Uma entidade chamada Médicos Pela Vida (Associação Dignidade Médica de Pernambuco – ADM/PE) foi condenado em R$ 10 milhões. Já a Vitamedic Indústria Farmacêutica, o Centro Educacional Alves Faria (Unialfa) e o Grupo José Alves (GJA Participações) receberam multa de R$ 45 milhões. As decisões são de primeira instância e cabe recurso.

A sentença demonstra a importância da CPI da Covid no Congresso. Em depoimento aos parlamentares, o diretor da Vitamedic admitou ter investido R$ 717 mil junto à Médicos Pela Vida para fazer propagandas nos principais veículos de comunicação do país.

O caso comprovou que muitos defensores dos chamados kit-covid estavam sendo financiados para enganar a população. A Vitamedic, por exemplo, teve seu faturamento ampliado de R$ 15,7 milhões, em 2019, para R$ 470 milhões em 2020 só com a venda de ivermectina, um dos medicamentos ineficazes contra a Covid-19. Lucraram às custas da vida de centenas de milhares de brasileiros.

Já a entidade Médicos Pela Vida, apesar de registrada em Pernambuco, era composta por médicos com registro profissional no Rio Grande do Sul e se usava da visibilidade dada por políticos e “influencers” bolsonaristas para dar um ar de legitimidade às mentiras sobre os kit-covid.

 

É um começo, mas ainda é pouco

Para a APUFPR, a sentença, embora pareça volumosa, ainda é pequena, perto do lucro que a empresa farmacêutica teve com as mentiras que levaram milhares de brasileiros à morte. Só como exemplo, nos Estados Unidos, um influencer de extrema-direita chamado Alex Jones foi condenado pela Justiça a pagar a pagar US$ 1 bilhão por espalhar sistematicamente mentiras sobre a Covid-19. Assim como os negacionistas brasileiros, ele lucrava com as mentiras.

A condenação da farmacêutica brasileira e da entidade de médicos negacionistas deve servir de exemplo para que outras penalidades sejam aplicadas a grupos, entidades e pessoas que contribuíram para levar pessoas à morte por causa de mentiras e informações enganosas na pandemia.

Seria mais válido ainda se as condenações fossem proporcionais aos lucros obtidos pelas mentiras. Além disso, não há valor financeiro que reponha as vidas perdidas no Brasil por causa da mentira dos bolsonaristas. É preciso punir criminalmente as pessoas que, deliberadamente, participaram de todos esses esquemas.

Essa decisão é um marco para a sociedade e também confirma aquilo que a APUFPR vem dizendo há tempos: os bolsonaristas atacaram sistematicamente os docentes e as universidades públicas nos últimos anos porque a ciência derruba, com estudos sérios e responsáveis, as mentiras espalhadas pelos políticos, militantes e “influencers” extremistas, que têm nas mentiras uma de suas principais formas de sustentação política.

Fonte: APUFPR


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