Todos os meses, docentes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), representado os diversos departamentos da instituição, reúnem-se para debater os principais temas do cotidiano universitário, apontando caminhos para o avanço da categoria.
A reunião do Conselho de Representantes da APUFPR (CRAPUFPR) de agosto aconteceu na noite desta quarta-feira (21), no auditório do sindicato, com a participação de aproximadamente 45 professores.
Dentre os assuntos da reunião, o projeto Future-se foi um dos focos de debate, por empurrar a categoria em direção a uma gigantesca crise. Segundo a tesoureira-geral do sindicato, Denise Maria Maia, responsável pelos informes da diretoria n]o conselho, o sindicato desenvolverá estratégias tanto no campo jurídico como na comunicação para enfrentar a proposta que coloca em risco a autonomia e a função social das universidades federais.
Rotina delicada:
Os docentes também debateram o bloqueio orçamentário sofrido pela universidade neste ano. Através do método pinga-pinga, mensalmente o Governo Federal entrega apenas uma pequena parte do orçamento da UFPR, desconsiderando fatores como aumento do número de estudantes e inflação. Embora a instituição tenha iniciado o ano de 2019 com as contas em dia, hoje o orçamento está no limite.
De acordo com o pró-reitor de de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFPR, Fernando Mezzadri, o dia a dia da universidade é delicado: “Estamos chegando ao fim de agosto e não temos orçamento para tocar de setembro em diante. Hoje, não temos despesas em atraso, mas nosso princípio básico é não atrasar um só dia o salário dos terceirizados. Se para nós é difícil, para quem é socialmente fragilizado é pior”, reiterou.
Indignados, os docentes levantaram pontos fundamentais para a sobrevivência da instituição.
Representando o Departamento de Química, a professora Joanez Aparecida Aires convidou ao envolvimento de toda a comunidade acadêmica: “É tarefa de todos fazer os outros docentes partirem para a luta”.
A representante dos aposentados, Milena Martinez, alertou para o desmonte que o Governo Federal está promovendo: “É muito importante que nós, representantes dos diferentes espaços da instituição, retomemos a luta. Se como professores universitários não entendermos isso, perderemos tudo”.
A professora de planejamento e administração escolar, Maria Aparecida Zanetti, ressaltou que o Future-se, na ânsia de impressionar o capital privado, ignora os estudantes das classes economicamente mais baixas: “Este projeto vai estrangular o papel público da universidade”.
Alguns professores sugeriram ampliar o leque de pautas mobilizatórias, com temas como o meio ambiente, a fim de trazer a sociedade para a luta ao lado da universidade. Consenso geral, é preciso expandir a discussão para todos os cantos do país, para tentar regatar um olhar mais humanizado da sociedade.
Nesse momento de tantas ameaças, é necessário ampliar a adesão dos professores. Segundo a tesoureira-geral do sindicato, Denise Maria Maia, além de denunciar as propagandas do Ministério da Educação referentes ao Future-se – cuja abordagem inverídica serve apenas para ferir ainda mais a imagem das universidades federais –, os docentes devem participar ativamente dos atos públicos e das atividades que estão sendo realizadas na UFPR.
Próximos compromissos APUFPR:
24 e 25 de agosto: reunião do setor das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) do ANDES-SN
26 a 30 de agosto: seminário O Centenário da OIT e o Futuro do Trabalho
29 de agosto: discussão sobre liberdade sindical, no seminário sobre a OIT
29 de agosto a 1º de setembro: 18ª Jornada de Agroecologia
Diante de tantas ameaças, os docentes são chamados a permancerem firmes. Em defesa da categoria, o presidente do sindicato declarou: “Temos de acordar para nosso papel. Não podemos ser passíveis diante de ataques como o Future-se”. Segundo o presidente da APUFPR, Paulo Vieira Neto, o ritmo deste segundo semestre será intenso: “A luta sempre traz algo de positivo e todos são bem-vindos à mobilização”, convidou.