APUFPR participou de audiência na Câmara em que o governo apresentou iniciativas para diminuir barreiras das mulheres na carreira científica

25 de agosto de 2023
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A APUFPR esteve presente em uma audiência conjunta das comissões de Defesa dos Direitos da Mulher e de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados. Durante a atividade, foram debatidas as desigualdades de gênero na carreira científica e as iniciativas do Governo Federal para reduzir essas barreiras.

Para a presidente da APUFPR Andréa Stinghen, que participou da audiência junto com o Observatório do Conhecimento, há um consenso entre os especialistas que, embora as mulheres constituam a maioria dos titulados na pós-graduação, estudantes de graduação e bolsistas de mestrado e doutorado no Brasil, ainda existem disparidades significativas.

Essas discrepâncias ocorrem tanto nas áreas de conhecimento como nos níveis de financiamento, e as mulheres enfrentam mais dificuldades para alcançar posições de destaque na carreira científica.

Ainda destacou que a divisão tradicional do trabalho tem reflexo nas disparidades de gênero por áreas de conhecimento. Em campos como as ciências exatas, engenharia e computação, a participação feminina entre bolsistas é de apenas cerca de 33 a 35%, enquanto em áreas como linguística, letras, artes e saúde, a participação feminina é mais próxima da proporção de mulheres na graduação.

Mercedes Bustamante, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ressaltou que, apesar das mulheres constituírem a maioria dos professores universitários em áreas relacionadas à saúde e linguagem, há baixa representatividade em outras áreas, especialmente em regiões do Norte e Nordeste do Brasil. Embora haja mais mulheres tituladas como doutoras e ocupando empregos formais nessa capacidade, ainda enfrentam remuneração menor, possivelmente ligada à menor presença em cargos de liderança e a ocupações com remuneração média mais baixa.

Isabela Andrade, reitora da Universidade Federal de Pelotas e representante da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), enfatizou que muitas mulheres têm dificuldade em alcançar posições de destaque na carreira científica devido a obstáculos como a escolha entre carreira e família, autoconfiança e assédio sexual. Ela mencionou a importância de iniciativas como a presença obrigatória de mulheres em bancas examinadoras de concursos públicos para professores e critérios compensatórios para pesquisadoras que tiveram licença maternidade durante a pós-graduação.

Dalila Oliveira, Diretora de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), destacou que, apesar das mulheres serem maioria entre as bolsistas, elas frequentemente recebem valores menores de financiamento por projeto.

 

Debate que devemos fazer na UFPR

A discussão aberta sobre as desigualdades de gênero na carreira científica revelou uma realidade complexa e multifacetada, onde a presença feminina é notável, mas a representatividade e as oportunidades ainda não atingem os patamares justos.

A APUFPR compreende que o caminho para a igualdade de gênero nas carreiras científicas requer esforços abrangentes e coordenados. As iniciativas propostas pelo governo são passos positivos para trazer mais mulheres para o campo e para apoiar sua progressão profissional, mas é fundamental que novas medidas também sejam pensadas na UFPR.

A desigualdade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma necessidade para a ciência e a inovação. O potencial intelectual das mulheres não pode ser subestimado ou subutilizado. A diversidade de perspectivas e experiências é fundamental para a excelência científica e para abordar os desafios complexos que a sociedade enfrenta.

Portanto, a APUFPR faz um chamado à comunidade científica da UFPR, aos legisladores e à sociedade em geral para se unirem nesse esforço de eliminar as barreiras de gênero na carreira científica. É imperativo que todos trabalhem juntos para criar um ambiente inclusivo, onde as mulheres possam prosperar em todos os níveis, desde a academia até os cargos de liderança.

Somente quando as oportunidades e recompensas na carreira científica forem igualmente acessíveis a todos, independentemente do gênero, poderemos verdadeiramente realizar todo o potencial do nosso país no cenário científico global. A APUFPR permanecerá comprometida em impulsionar essa mudança e colaborar com todas as partes interessadas para criar um futuro mais justo e equitativo para as mulheres na ciência e na tecnologia.

Fonte: APUFPR


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