A vergonhosa tentativa do ANDES-SN de interferir na autonomia da APUFPR e dos docentes da UFPR

7 de dezembro de 2023
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Um dia após receber menos de 20% dos votos na Assembleia da APUFPR que elegeu os delegados que representarão os docentes da UFPR no próximo Congresso do ANDES-SN, o grupo que comanda o Sindicato Nacional emitiu um documento para invalidar a escolha das professoras e dos professores da nossa universidade e de outras instituições onde eles também estão sendo derrotados.

Uma vergonha sem precedentes, mas que deixa transparecer algo bastante revelador: aquele grupo, que dirige o ANDES-SN há quase 20 anos, tem verdadeiro pavor do conjunto da categoria docente.

Apesar de tacanha, é uma tentativa autoritária e brutal para interferir na autonomia política e organizativa das seções sindicais e impor o modelo presencial como única forma de participação dos docentes. 

É uma posição retrógrada e anacrônica, que tem um objetivo: manter os espaços do movimento docente sempre esvaziados. É assim que eles se perpetuam no poder.

Só faltou pedirem o voto impresso…

 

Querem os espaços esvaziados

Em novembro de 2018, na última Assembleia de tirada de delegados para o Congresso do ANDES que aquele grupo comandou pela APUFPR (por aqui, eles foram derrotados no ano seguinte), havia apenas 14 pessoas (praticamente, só os candidatos a delegados). 

Já na Assembleia realizada no último dia 30 de novembro, quando foram eleitos os delegados para o Congresso de 2024, 101 docentes participaram. Sete vezes mais do que na de 2018. E é justamente esta Assembleia que a direção do ANDES-SN quer invalidar por puro casuísmo, porque dos 12 delegados, o grupo deles só conseguiu eleger 2.

Com medo de ter menos delegados do que o coletivo RENOVA no próximo Congresso, o grupo que dirige o ANDES-SN deixa transparecer seu desespero e opta pelo pior caminho: o do autoritarismo.

O pano de fundo é que nas Assembleias online ou híbridas, com maior participação de docentes “não militantes” (ou seja, não ligados a partidos, correntes ou organizações políticas, e mais avessos ao discurso fácil de quem brinca de ser revolucionário), eles têm mais dificuldades de aprovar suas propostas e posições radicais, ou mesmo de eleger delegados.

Para eles, só funciona o tipo de Assembleia na qual pouquíssimos participam, onde eles podem gritar e tentar intimidar a mesa (caso eles não estejam dirigindo), se inscrever em bloco para que vários deles repitam os mesmos argumentos, cansar os docentes até que as pessoas saiam da Assembleia, para que só eles “sobrevivam” até o final e possam votar, praticamente sozinhos, deliberações que afetam o conjunto dos docentes.

É um método aplicado por esse grupo para esvaziar, propositadamente, as instâncias do movimento docente. Assim, só “militantes” têm vontade (e paciência/interesse) de participar de momentos enfadonhos, cansativos, desmotivantes e repletos de retóricas descoladas da realidade da categoria.

 

Anacrônico, ultrapassado e antidemocrático 

A circular do ANDES tenta usar um dispositivo do estatuto do Sindicato Nacional para proibir a participação online dos docentes “nas instâncias deliberativas e nas eleições do ANDES-SINDICATO NACIONAL e de suas SEÇÕES SINDICAIS ou AD-SEÇÕES SINDICAIS”.

Além de representar uma tentativa grosseira de interferência ilegal na autonomia das entidades sindicais de base, ainda tem um ar de hipocrisia, afinal, o grupo deles participa do Conselho de Representantes da APUFPR (CRAPUFPR), que permite a presença online de seus membros, e disputaram as eleições para a direção da APUFPR, realizadas de forma híbrida.

A verdade é que o Sindicato Nacional, para quem destinamos mensalmente mais de R$ 80 mil, segue acorrentado às velhas práticas sindicais, ultrapassadas e pouco eficazes, servindo mais para benefício próprio do grupo que o comanda do que para as lutas da categoria docente. 

 

Autonomia flex 

O grupo que dirige o ANDES-SN foi eleito com um discurso de “autonomia” diante de partidos etc etc etc. 

Na prática, a história é outra.

Tanto porque não são autônomos de partidos (inclusive, hordas de militantes partidários vierem nos atacar logo após as eleições) como querem destruir a autonomia das seções sindicais e das associações de docentes (ADs) que desejam a renovação do movimento docente.

Para eles, “autonomia” é apenas um mantra que usaram para enganar os docentes e conquistar votos para vencer as eleições. Agora, vale tudo para “manter a máquina na mão”. 

Se fossem sinceros, trocariam o slogan e passariam a se chamar “ANDES SEM A BASE”.

 

Democracia mais flex ainda

O conceito de democracia daquele grupo é bastante flexível. 

Eles evocam o termo “democracia” quando convém, mas, nas eleições para o ANDES-SN, usaram a Comissão Eleitoral, formada em sua maioria por seus apoiadores, em benefício próprio, deixando uma das chapas adversárias sem poder fazer campanha durante 5 dias, além de interferir na autonomia de seções sindicais, determinando a remoção de publicações que desagradavam o grupo deles, enquanto a chapa que eles apoiavam publicava fake news sobre seções sindicais que não se alinhavam a eles (inclusive, sobre a APUFPR).

Quando convém, evocam o poder legítimo da Assembleia de tomar decisões, mas, quando discordam de algum encaminhamento, tentam deslegitimar decisões que não lhes são favoráveis.

E ainda dizem que é mais democrático uma Assembleia presencial esvaziada do que uma Assembleia online/híbrida com dezenas ou centenas de docentes a mais.

 

Não aceitaremos

Diante dessa tentativa autoritária de interferir na organização política e sindical da nossa categoria aqui na UFPR, nós, da direção da APUFPR, não ficaremos calados.

Além de fazer a denúncia pública (esse texto é apenas o começo) e construir a luta política, tomaremos as medidas necessárias para proteger os direitos dos docentes da nossa universidade tanto para assegurar a participação no Congresso do ANDES-SN, como, principalmente, para preservar o princípio fundamental de autonomia, que é um dos pilares do movimento sindical. 

É na prática que se comprova quem realmente defende a autonomia das entidades sindicais. E é por esse princípio que faremos essa luta.

Fonte: Apufpr


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