Universidades públicas produzem 95% da ciência brasileira. E o Exército? “Tem a grama cortada”
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

22 de abril de 2024
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Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O comandante do Exército brasileiro, general Tomás Paiva, fez uma comparação infeliz, reducionista e preconceituosa contra as universidades públicas brasileiras nesta quarta-feira (17) ao comparar, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, os custos para a manutenção de quarteis e as despesas das universidades federais.

O orçamento da Defesa em 2024 é de absurdos R$ 126 bilhões, enquanto o orçamento das universidades federais é inferior a R$ 6 bilhões. 

É isso mesmo: o orçamento das universidades federais corresponde a apenas 0,5% do orçamento da Defesa.

Mesmo assim, segundo ele, o mérito do Exército é que tem “Grama cortada, quartel limpo, arrumado. Vamos entrar em uma universidade qualquer para ver como está, em termos de manutenção, e ver quanto se gasta para manter um quartel e quanto se gasta para manter uma universidade.”

Vejamos: as universidades públicas (estaduais e federais) são responsáveis pela produção de 95% da ciência brasileira, e formam profissionais altamente qualificados, preparados para enfrentar desafios da sociedade e contribuir para o desenvolvimento do país. Também lideram todos os rankings de qualidade no país e na América Latina. Mesmo assim, passam por dificuldades orçamentárias. Segundo estimativa da ANDIFES, entidade que reúne os reitores das universidades federais, seriam necessários mais R$ 2,5 bilhões para o funcionamento básico das instituições neste ano. 

Já os militares, ainda hoje flertam com o golpismo, mantiveram o país refém da sombra da ditadura mesmo após décadas do fim do regime, e grande parte participou ativamente dos ataques à Democracia durante o governo Bolsonaro e na tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Fora isso, o exército é composto por 360 mil militares da ativa, sendo que muitos oficiais contam com benefícios na carreira, como ajuda de custo e outros penduricalhos, que ultrapassam os R$ 300 mil. 

Já a rede federal de ensino atende 1,5 milhão de alunos, é composta por mais de 100 mil servidores técnico-administrativos (TAEs) e cerca de 95 mil docentes, sendo que estes demoram em torno de 20 anos para chegar ao topo da carreira (e apenas se tiverem, além da formação superior, titulação de mestrado e doutorado, e cumprirem os requisitos para a progressão constante), e mesmo assim recebem salários inferiores ao de outras carreiras federais. 

A APUFPR enviará um convite formal ao general Tomás Paiva, para que ele venha conhecer uma universidade federal de perto (aparentemente, ele nunca pisou em uma e prefere se informar por meios nos quais circulam mentiras e discursos de ódio contra as instituições federais de ensino). 

Caso ele aceite, teremos a oportunidade de dialogar e mostrar-lhe as razões pelas quais 85% das universidades federais alcançaram as notas mais altas no Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), enquanto apenas 15% das instituições privadas de ensino superior obtiveram os mesmos índices.

Fonte: Apufpr


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