Deboche? Câmara elege outro deputado pró-partido nazista como presidente da Comissão de Educação

13 de março de 2024
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Parece piada, mas é a política brasileira em seu viés mais debochado. A Câmara dos Deputados elegeu como presidente da Comissão de Educação mais um político que defende a existência de partido nazista no Brasil. Dessa vez, o extremista Nikolas Ferreira (PL-MG) será o presidente do colegiado que, em tese, deveria pensar e avaliar projetos voltados à melhoria da educação no Brasil. 

Em um passado não muito distante, em 2022, os deputados já haviam escolhido para a função outro deputado extremista, que também havia defendido a existência de um partido nazista no Brasil. Era Kim Kataguiri, cuja contribuição prévia no setor era nula, assim como foi seu ano de mandato na presidência do colegiado.

Teoricamente, a Comissão de Educação deveria avaliar o sistema educacional, pensar políticas para o setor – inclusive o financiamento e a valorização de quem atua nessa área, além de promover meios para garantir o direito da população à educação de qualidade. Nos últimos anos, esse colegiado tem passado muito longe desses objetivos.

É óbvio que sempre houve tensões na área, especialmente porque grande parte dos parlamentares são ligados ou financiados por grupos econômicos que controlam instituições privadas de ensino e buscam cada vez mais privilégios. Muitas vezes, eles conseguem. 

Mas colocar deputados neófitos, que entraram na vida política apenas espalhando discursos de ódio e fake news, para comandar uma das comissões mais importantes do Congresso, não é só descaso, é deboche.

O objetivo dos extremistas, ao ocupar esse posto, é ganhar visibilidade para ampliar o alcance de seus discursos radicais, em busca de votos e mais seguidores. A velha mídia, que se preocupa mais com audiência (mesmo que em nichos radicalizados da população) e menos com a qualidade de seu conteúdo, dá espaço para esse tipo de político que, em outras democracias mais consolidadas, não teria tanta visibilidade. 

É notório que o objetivo dos extremistas no Congresso é dar visibilidades a políticos que eles consideram “proeminentes”. Ao que tudo indica, Nikolas Ferreira é um nome que os extremistas desejam dar mais longevidade na política, já que os membros da família Bolsonaro, apesar do poderia acumulado nos últimos anos, seguem ganhando destaque nas manchetes policiais, especialmente por causa das investigações sobre a autoria dos planos de golpe de Estado que os extremistas tentaram implementar antes e após a eleição de 2022. Isso faz seu futuro um pouco mais incerto e muitos extremistas começam a movimentar outras peças no tabuleiro da política nacional.

 

Nazismo = liberdade de expressão (?)

Durante uma entrevista em um podcast, Nikolas Ferreira defendeu o direito de se negar o Holocausto e fundar partidos nazistas, tudo sob a bandeira da “liberdade de expressão”. 

Na ótica extremista, “liberdade de expressão” englobaria o direito de fazer piada com pessoas com deficiência e espalhar racismo, sexismo e outros comportamentos anticivilizatórios. Também englobaria o “direito” de espalhar ideais nazistas. 

Incoerentemente, o próprio deputado se coloca publicamente como um defensor ferrenho de Israel (o Estado), quando se debate o massacre do governo daquele país contra a população palestina. Isso prova que, para os extremistas, não há necessidade de ter coerência. Basta apenas adotar discursos flexíveis sobre qualquer tema, em busca de novos seguidores dispostos a aceitar e apoiar ideias radicais. 

O pano de fundo é que, para esses radicais oportunistas, a existência de um partido nazista no Brasil garantiria um tipo de “salvo-conduto”, para que eles mesmos possam continuar espalhando suas ideias extremistas, em uma versão um pouco mais “light” do que as dos nazistas “originais”.

Fonte: Apufpr.


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