Não são apenas as universidades e institutos federais que são alvos de ataques do governo Bolsonaro. Em 24 de janeiro, durante o Fórum Econômico de Davos, na Suíça, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou que pretende criar uma espécie de “cupom de desconto” em escolas do ensino básico.
Guedes foi questionado sobre a agenda para a juventude e se posicionou defendendo a privatização de todo o sistema de ensino básico, para depois oferecer aos jovens e suas famílias “cupons de desconto” em mensalidades nas escolas particulares.
Para a APUFPR, essa posição não causa surpresa, já que não é de hoje que a alta cúpula do Governo Federal defende o sistema de vouchers para beneficiar a iniciativa privada.
Porém, no município de São Paulo, por exemplo, que utiliza esse sistema em creches, o resultado foi um desastre. “O programa Mais Creche já custou, em transferência de dinheiro público para o setor privado, aproximadamente R$ 300 milhões. Um absurdo”, afirma o presidente do sindicato, Paulo Vieira Neto.
Privatização do ensino público
O Brasil vive um dilema. O atual Governo prega uma agenda que já se mostra impraticável. A insistência em copiar políticas que não deram certo em outros países pode ter sérios reflexos no futuro.
Paulo Guedes, ao defender esse sistema de vouchers para o ensino na primeira infância, segue a mesma cartilha neoliberal da secretária da educação de Donald Trump, Betsy DeVos.
Atualmente, Betsy promove a privatização de inúmeras escolas nos EUA, destinando bilhões da receita pública para o pagamento de vouchers em escolas particulares.
Ela é conhecida como uma mulher apaixonada pela ideia de afastar os dólares públicos das escolas públicas tradicionais e atua na defesa desse “passaporte” para a educação privatizada.
É sabido que o Ministro da Economia defende maior descentralização dos recursos públicos, porém, desviar esses valores para o sistema privado vai aumentar a desigualdade, já que a cobertura nunca atingirá todas as parcelas da sociedade.
Além disso, a proposta vai beneficiar poderosos grupos econômicos que tratam a educação como mera mercadoria. É nítido que o setor está sendo comandado por quem não tem compromisso com a educação.
Para o presidente do sindicato, Paulo Vieira Neto, essas propostas apenas comprovam que o governo trata a educação como um balcão de negócios: “os recursos públicos são usurpados por indivíduos que tratam nosso patrimônio como se fossem deles”.
Coincidentemente ou não, membros do atual governo têm ligação direta com o ensino privado, como é o caso da família do ministro Guedes. Sua irmã, Elizabeth Guedes, preside a Associação Nacional de Universidades Privadas (Anup).
Fonte: APUFPR