Trabalhadores debatem impactos e prejuízos da Reforma da Previdência

6 de março de 2017

IMG_9468Basta ligar a televisão ou abrir um jornal para perceber que sim, a Reforma da Previdência é o assunto do momento. E não por acaso, pois a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016 retira diversos direitos da classe trabalhadora.

Porém, em meio à diversidade de opiniões nas redes sociais, à gigantesca propaganda do governo federal e ao apoio da mídia à Reforma da Previdência, os trabalhadores ficam perdidos com tantas informações.

Afinal, a Previdência é deficitária? É necessária uma reforma? De que forma os trabalhadores serão afetados?

Essas e outras perguntas foram respondidas no último sábado (4), durante o Seminário Sobre a Previdência. O evento foi organizado por diversas entidades – inclusive pela APUFPR-SSind. Cerca de 400 pessoas participaram do seminário.

A Previdência Social precisa de Reforma?

Durante a primeira parte do seminário, o economista da Auditoria Cidadã da Dívida Rodrigo Ávila desmentiu o deficit da Previdência. Segundo ele, a Reforma da Previdência, assim como foi com a PEC 55, tem o único objetivo de beneficiar os bancos com a continuidade do pagamento da dívida pública.

De acordo com a docente da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) Rivania Moura, os mais prejudicados com a Reforma serão os trabalhadores e a parte mais pobre da população. Conforme ela explicou, 70% das pessoas que acumulam benefícios recebem apenas dois salários mínimos.

De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com o fim do acúmulo de benefícios (nova regra com a PEC 287), várias pessoas estarão condenadas à miséria, sobrevivendo com apenas um salário mínimo, sendo que 65% dos idosos viveriam em extrema pobreza.

IMG_9703Como a Reforma afeta os trabalhadores?

O advogado Ramon Bentivenha esclareceu as principais dúvidas dos participantes com relação à PEC 287.

Segundo ele, as novas regras não condizem com a realidade do país, e todas as propagandas que o governo federal tem feito em cima da Reforma são com dados falaciosos ou meias-verdades.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 80% dos brasileiros continuam a trabalhar mesmo depois de cumprir as regras atuais para a aposentadoria. Isso se deve pelo valor baixo do benefício, o que faz com que os trabalhadores permaneçam mais tempo no mercado de trabalho para complementar a renda.

Dessa forma, conforme explicou Bentivenha, as justificativas para a Reforma da Previdência não se sustentam, mas são apenas uma forma de impulsionar as pessoas a aderirem aos fundos de previdência privada.

IMG_9396Como a Reforma afeta as mulheres?

Para a assistente social Elaine Pelaez, a equiparação da idade mínima para aposentadoria desconsidera completamente a desigualdade de gênero que existe no Brasil e no mundo.

Pelaez lembrou que as mulheres trabalham mais horas, ganham menores salários e ainda são as maiores responsáveis pelo trabalho doméstico e cuidado com os filhos.

De acordo com a coordenadora do Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora (Intersindical) Ana Paula Rosa de Simone, a Reforma é apenas mais um ataque contra os direitos das mulheres em meio a tantos outros que estão sendo retirados, e que exigem uma organização para barrar o retrocesso nas conquistas pela igualdade de gênero.

Como solução para impedir que a Reforma da Previdência seja aprovada, os participantes encaminharam a construção da Greve Geral dos trabalhadores e a unificação da esquerda para pressionar os parlamentares e o governo federal a desistirem da proposta.

Fonte: APUFPR-SSind


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