Sobre o ANDES-SN, podemos (e precisamos) pensar e agir diferente

28 de outubro de 2020
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O texto assinado por um grupo de docentes da UFPR que se autointitula “coletivo” está sendo divulgado com uma série de ataques à diretoria da APUFPR, lamentavelmente aproveitando-se do processo eleitoral que vai definir a nova diretoria do ANDES-SN nos dias 3 a 6 de novembro.

Pois é. Conhecemos e sabemos que essa prática oportunista geralmente vem para tumultuar e não para uma crítica construtiva. Em meio a tantas ameaças concretas e reais que os docentes da nossa instituição precisam enfrentar (como a Reforma Administrativa, o Future-se, os cortes de recursos e de bolsas e ainda a pandemia do novo Coronavírus), precisamos ainda dedicar tempo (nosso e da nossa categoria) para não deixar que os docentes sejam enganados.

Então, vamos lá.

 

Quem?

Já de início, precisamos esclarecer que as pessoas que fazem parte do tal “coletivo” devem ser ligadas à chapa derrotada nas eleições da APUFPR no ano passado (aqueles que nas assembleias se inscrevem em bloco para repetir as falas uns dos outros). Ou seja, eles são nossa oposição. Então, tudo o que eles publicam e dizem precisam passar necessariamente por essa perspectiva (ou filtro).  Então, há crítica relevante?

O problema é quando optam por distorcer os fatos ou publicar informações sem base real, que acabam trazendo desinformação para a nossa categoria.

Ao se aproveitarem do mesmo texto para atacar a nossa diretoria e buscar votos para a Chapa 1 (de situação) do ANDES-SN, eles deixam claro que a intenção não é nada além de um velho  truque eleitoral, afinal, há possibilidade de uma derrota em nível nacional.

Por que o medo dessa derrota? Porque um sindicato do tamanho (e com a arrecadação) do ANDES-SN é utilizado muitas vezes para dar suporte a outros interesses que não são os mesmos que os dos docentes.

Como? Sustentando financeiramente outras entidades, como a CSP Conlutas (o ANDES-SN é um dos principais sustentáculos dessa radical central sindical) ou fortalecendo espaços sectários onde se encaixam apenas aqueles que seguem a mesma linha política.

 

Isolamento é o caminho?

Defendemos a ideia da pluralidade porque o isolamento apenas nos enfraquece. A essa altura da nossa gestão a nossa categoria já consegue enxergar os diferenciais da nossa atuação e perceber que não nos submetemos a nenhuma força ou organização sectária e isolacionista.

O isolacionismo e a falta de articulação e de diálogo, em uma conjuntura particularmente tão difícil como a desses tempos, são responsáveis pela fragilidade que se abate contra a nossa categoria em âmbito nacional.

É um tipo de sindicalismo que, de certa forma, parou no tempo. Aqui, eles chegam a nos criticar porque não concordamos com a forma bizarra que escolheram no CONAD (em uma votação apertada, diga-se de passagem) de votação “telepresencial” para as eleições do ANDES-SN, elaborada para dificultar ao máximo a participação de docentes “não militantes”, já irritados com as práticas sectárias e excludentes e que assim, eventualmente, podem desistir de votar.

 

Trabalho sério x palavras ao vento

Em relação aos temas da UFPR, eles parecem viver em outra instituição (ou em outro mundo). Por desatenção (ou falta de interesse em saber a verdade?) eles perderam a informação de que temos feito desde o começo da nossa gestão um esforço imenso para defender os direitos dos docentes à progressão acumulada, por exemplo. E que obtivemos uma grande vitória no recurso que apresentamos ao TRF-4 (revertendo a decisão e 1ª instância que prejudicava seriamente mais de 700 professores).

Talvez não tenham percebido também que ganhamos no mesmo TRF-4 outra ação contra a UFPR, impedindo o corte unilateral de adicional de insalubridade. E ainda tivemos resultados favoráveis em outra ação, para considerar ilegal regra que coloca habitualidade como critério para concessão de adicional de insalubridade, e em mais outra, para que a análise de pedido de retribuição por titulação independa de apresentação do diploma.

É isso mesmo. Enquanto eles jogam as palavras ao vento, falando em “diversos reveses” (sic), nós mostramos conquistas efetivas em favor dos docentes da UFPR.

 

Autonomia e diálogo não são excludentes

Sem autonomia, não teríamos alcançado esses resultados. Mas o que o “coletivo” parece confundir é que “ter autonomia” não é o mesmo que “não ter diálogo”.

Sempre que possível, nós dialogamos, porque acreditamos que nem tudo se dá a ferro e fogo. Mas no diálogo cobramos também quando é preciso. Pressionamos autoridades, gestores e a nossa instituição na defesa da categoria.

Mas buscamos primeiro o diálogo. Porque somos responsáveis. Nosso objetivo não é só “marcar posição”.  Nosso objetivo principal é garantir os direitos e o bem-estar das professoras e dos professores.

Com diálogo é que conquistamos condições estruturais para muitos docentes continuarem trabalhando durante a pandemia. E buscamos o diálogo para tratar de coisas mais “cotidianas” como o impacto da pandemia nas férias dos docentes. Conseguimos avanços reais para a nossa categoria.

 

Agimos com responsabilidade (por isso, temos resultados)

Novamente, talvez por descuido, desconhecem o papel fundamental que tivemos ao intervir para evitar uma resolução sobre as progressões durante a pandemia que seria prejudicial aos docentes. Ao contrário do que eles “informam”, garantimos que ninguém poderá ser prejudicado.

E mesmo ao tratar de assuntos complexos, como o formato de ensino durante a pandemia, não optamos por saídas fáceis. Conduzimos sob a ótica do conjunto da categoria (com quem estamos em constante diálogo) e das condições objetivas, e não daqueles que tratam o tema como “sou ideologicamente contra e não devemos tratar desse assunto que afeta o dia a dia da categoria porque discordamos veementemente dele”. Pensamos, inclusive, como essa questão pesa sobre a evasão dos estudantes (o “coletivo” que nos perdoe, mas, assim como a imensa maioria dos professores, nos preocupamos com os estudantes da UFPR).

Por isso, dialogamos com a representação estudantil (DCE) para tratar do impacto de tudo o que tem acontecido neste ano sobre os alunos. E fizemos o mesmo com a representação dos técnicos administrativos.

Também se esqueceram que fizemos um grande enfrentamento ao Future-se e contra outros projetos, colocando a UFPR na linha de frente da resistência nacional contra os ataques à universidade pública.

E, vejam só, a oposição nos critica porque empenhamos esforços imensos para garantir a escolha da comunidade da UFPR na votação para a Reitoria da nossa Universidade. Nos criticam porque nos comprometemos com a democracia! Mas, passa pela cabeça de alguém que nós seríamos irresponsáveis a ponto de não lutar para fazer valer os votos de mais de 2.300 docentes? Independentemente de para quem foram destinados, esses votos fazem parte do processo democrático que tanto esforço exigiu da nossa comunidade (cuja votação foi recorde!).

Em busca de votos para a chapa que eles apoiam, eles transpõem fatos de mais de uma década, repetindo a mesma tática de setores extremistas que tanto fazem mal à democracia: espalham medo contra um “inimigo” invisível. Neste caso, personificaram no Proifes, para que os professores acreditem que só a chapa apoiada pelo “coletivo” tem compromisso com o ANDES-SN. Oras, as eleições são para o ANDES-SN ou para o Proifes?

 

Somos docentes e não podemos ter pensamento crítico?

Nós somos base do ANDES-SN, construímos o Sindicato Nacional, respeitamos as deliberações, mas isso não significa que não podemos fazer uma análise crítica sobre os rumos que consideramos equivocados.

Realmente, não consideramos o ANDES-SN como uma entidade guiada por “seres iluminados” que nunca erram. A falta de autocrítica, por sinal, é um dos problemas que enubla a visão de muitos de seus dirigentes.

Se avaliamos que uma diretoria não consegue enxergar com clareza os rumos da luta dos docentes, precisamos falar. Mas não precisamos espalhar meias verdades ou até inverdades, distorcer fatos ou falar no vazio.

A Democracia permite a crítica, a divergência e, inclusive, que pensemos caminhos alternativos quando o caminho traçado não levará ao melhor resultado. Só que isso precisa ser feito de forma saudável.

Temos a liberdade de repensar ideias e renovar práticas obsoletas quando as antigos já não funcionam, exatamente porque somos, acima de tudo, docentes comprometidos com a educação pública, inclusiva, democrática e de qualidade.

 

 

Diretoria da APUFPR

Outubro de 2020


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