Santiago Maldonado está desaparecido há 78 dias na Argentina

Os movimentos sociais argentinos seguem cobrando resposta ao desaparecimento forçado do artesão Santiago Maldonado e a responsabilização do Estado pelo caso. O jovem de 28 anos foi visto pela última vez durante a repressão policial a uma manifestação mapuche na província de Chubut, na Patagônia, há 78 dias. Desde então, governo nacional e polícia negam sua participação no desaparecimento, mudando diversas vezes a versão do caso, chegando a afirmar que Santiago não estava na manifestação, ou que ele fugiu por conta própria para o Chile.

Uma grande manifestação pela aparição com vida de Santiago Maldonado e pela responsabilização do Estado está marcada para o final da tarde desta quinta-feira (19), em todo o país. Em Buenos Aires, capital argentina, o ato caminhará até a Praça de Maio, no centro da cidade, e contará com a presença de diversas agrupações que lutam pelos direitos humanos. Outro ato, menor, foi realizado nessa quarta-feira (18).

Corpo encontrado em condições suspeitas

Na terça-feira (17), o governo anunciou que havia encontrado no Rio Chubut um corpo que poderia ser de Santiago Maldonado. A família de Santiago está ao lado do corpo desde então, com medo de possíveis armações policiais durante a realização da perícia. O cadáver teria, em um de seus bolsos, a cédula de identidade do jovem desaparecido.

O pai de Santiago, Sergio Maldonado, reclama, também, pelo fato de que a zona onde o corpo foi encontrado ter sido vasculhada diversas vezes nas últimas semanas. “É possível”, disse ele quando perguntado se acreditava que o corpo teria sido “plantado” pela polícia. O corpo encontrado foi movido até a capital Buenos Aires, e a perícia inicia na manhã da sexta-feira (20), de acordo com o juiz Gustavo Lleral.

O desaparecimento

Em 1º de agosto Santiago participava, junto a outros militantes, de uma manifestação que bloqueava uma estrada na Patagônia, na região da comunidade indígena mapuche Pu Lof. Os mapuches lutam, desde 1990, contra a ocupação de seus territórios tradicionais pela multinacional Benetton. Após forte repressão policial à manifestação, Santiago desapareceu e nunca mais foi visto.

O governo nacional de Mauricio Macri, responsável direto pela operação da Gendarmería Nacional (força policial ligada ao Ministério da Segurança), inicialmente negou o desaparecimento. Depois, mudou de versão diversas vezes, tentando fugir do debate do desaparecimento em meio às eleições legislativas – que são consideradas fundamentais para dar legitimidade aos projetos de ajuste fiscal que Macri tenta emplacar.

Mesmo com a denúncia de testemunhas de que Santiago estava na manifestação, o governo afirmou, diversas vezes, que o artesão não estava no bloqueio da estrada. Também afirmou que Santiago estava no Chile. As diversas provas que surgiram ao longo das semanas, como fotos e vídeos comprovando a presença de Santiago na manifestação, ou gravações de whatsapp entre os policiais que indicam o sequestro de um manifestante, foram levando o governo de Macri à contradição.

Impacto eleitoral

Uma pesquisa divulgada nesta quinta pelo jornal Clarín assustou o governo de Macri às vésperas das eleições legislativas que ocorrem no domingo. Segundo a pesquisa, 79% da população estão a par do desaparecimento de Santiago, 86% acreditam que o corpo encontrado é do jovem, 73% acreditam que a polícia matou Santiago e 12% afirmaram que podem mudar seu voto no domingo por causa do desaparecimento.

CSP-Conlutas se soma à luta pela aparição com vida

Durante seu 3º Congresso Nacional, realizado em Sumaré (SP) durante a última semana, a CSP-Conlutas demonstrou seu apoio à luta pela aparição com vida de Santiago Maldonado e pela responsabilização do Estado argentino.

Com informações e imagem de Tiempo Argentino.

Fonte: ANDES-SN


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