Repúdio à intentona golpista de Bolsonaro e à (histórica) vergonha mundial

19 de julho de 2022
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Em mais de uma ocasião, Jair Bolsonaro, aquele que ainda finge governar o Brasil, fez nosso país passar vergonha diante dos olhos perplexos de todo o planeta. Mas, nesta segunda-feira (18), ele produziu um feito inédito na história da geopolítica mundial: convocou embaixadores de dezenas de países para um tipo de espetáculo circense cujo único objetivo era levantar, novamente, suspeitas infundadas sobre a segurança do processo eleitoral, sem absolutamente nenhuma prova, e, pior, despejar duas dezenas de mentiras que foram rapidamente rebatidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Diante de embaixadores atônitos, usando uma apresentação de Power Point (a la Deltan) ele despejou mentiras, atacou o Judiciário (especialmente o STF, o TSE e seus ministros), distorceu notícias e, ao final, saiu de lá sem praticamente nenhum aplauso (o que é bastante incomum para um presidente). Aos olhos do mundo, ele deu mais um passo para transformar o Brasil em uma parodia de republiqueta de filmes hollywoodianos da década de 1980.

Jair Bolsonaro é, provavelmente, o único político da história recente do planeta a questionar a validade das eleições vencidas por ele mesmo (a de 2018). Seu padrinho político, o norte-americano Donald Trump, só questionou a validade da segunda eleição da qual participou, aquela em que foi derrotado.

O Congresso norte-americano segue investigando se Trump esteve envolvido na invasão do Capitólio, colhendo depoimento de ex-assessores que, cada vez mais, complicam a posição de (falsa) “isenção” do ex-mandatário.

Já Bolsonaro, acuado pela enorme crise econômica e social, causada por seu próprio governo, e pela perspectiva de derrota eleitoral, tem adotado estratégias cada vez mais estapafúrdicas para manter sua base de apoio inflamada, alimentando o ânimo de radicais ao mesmo tempo em que despeja uma quantidade descontrolada de armas de fogo. Além da vergonha mundial, ele coloca em risco a vida dos brasileiros.

Ao que parece, o assassinato do guarda municipal de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda por um bolsonarista fanático e movido pelo ódio político, não parece ser suficiente para o presidente. E nem o suicídio de um membro da entidade onde a festa de Arruda estava sendo realizada, que teria mostrado ao assassino imagens das câmeras de monitoramento que mostravam a temática da festa (em homenagem ao ex-presidente Lula).

Bolsonaro aumentou o tom, tenta mobilizar seus aliados e parte das Forças Armadas em novas ameaças de golpe, caso não consiga se reeleger. Porta-se como o menino mimado que é dono da bola e só aceita jogar se estiver garantido que sairá vencedor. O problema é que esse menino mimado está armando pessoas e estimulando nelas um comportamento belicoso e cada vez mais radical, ao mesmo tempo em que dá recados que colocam combustível em seguidores com ânimos já inflamados.

O subterfúgio de contestar a segurança das urnas eletrônicas é meramente fantasioso, e já foi fartamente rebatido com argumentos e dados que provam cabalmente que não há nenhum problema com a segurança das urnas e nem com o sistema eleitoral brasileiro – mesmo sistema que elegeu Bolsonaro presidente e diversas vezes parlamentar, assim como seus filhos e aliados.

Diante desses arroubos autoritários, que demonstram fraqueza, e não força, cabe à sociedade civil responder com firmeza a qualquer ataque à nossa Democracia, às urnas, à Justiça Eleitoral e às instituições democráticas, assim como cabe às Forças Armadas seu papel de resguardar a soberania do país, sem cumprir com qualquer tipo de papel fiscalizador ou moderador, que fogem do princípio constitucional ao qual devem se submeter.

 

Diretoria da APUFPR

19 de julho de 2022


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