Referência mundial, Paulo Freire faria 101 anos. Por que os extremistas o temem tanto?

19 de setembro de 2022
APUFPR - Paulo Freire SITE

Nascido em 19 de setembro de 1921, o educador e filósofo Paulo Freire estaria completando 101 anos em 2022, mas as comemorações de seu centenário em sua terra natal, Recife-PE, só foram realizadas no último domingo (18) por causa da pandemia de Covid-19.

Reconhecido mundialmente por suas contribuições para a alfabetização e a democratização do conhecimento no Brasil, o autor virou um dos alvos dos extremistas nas redes sociais por estimular o pensamento crítico e uma educação baseada nas experiências do cotidiano dos alunos, a partir da reflexão sobre suas próprias realidades.

 

15 anos de exílio

Em 1963, um grupo de professores, sob a liderança de Paulo Freire, alfabetizou 300 adultos da cidade Angicos (RN) em um período de menos de 40 horas.

A metodologia envolvia o ensino correlacionado ao cotidiano dos trabalhadores e inspirou o Plano Nacional de Alfabetização, que foi arquivado com após o golpe militar de 1964, que obrigou Freire a se exilar no Chile, onde escreveu algumas de suas principais obras.

Ele só retornaria ao Brasil em 1979, com a Anistia, quando foi recebido por centenas de pessoas em sua chegada no aeroporto de Viracopos, em Campinas.

Participou da construção do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi Secretário de Educação da gestão municipal de Luiza Erundina entre 1989 e 1991.

 

Contradição

O ódio a Paulo Freire, que ganhou força com a nova onda de extremismo no Brasil, foi estimulado pelas elites, pois sua obra coloca em xeque as bases do modelo tradicional de ensino que serve para manter o ciclo de exploração e desigualdades na sociedade.

Para enganar suas bases, esses grupos radicais distorcem os fatos ao dizer que a culpa pelos problemas da educação brasileira seria de Freire, como se houvesse um projeto formatado aplicado nas escolas.

Na verdade, além da falta de estrutura, valorização profissional e investimentos, a questão é justamente o inverso: a maioria das escolas públicas brasileiras não conseguem aplicar no cotidiano e em seus projetos pedagógicos os ensinamentos de Paulo Freire.

Enquanto isso, as escolas mais ricas, que atendem os filhos das ricas elites brasileiras, são justamente as que aplicam a metodologia de Freire.

 

Reconhecimento mundial

O livro Pedagogia do Oprimido, escrito por Freire em 1968 e proibido pela ditadura militar no Brasil até 1974, é a terceira obra mundialmente mais citada entre todos os trabalhos acadêmicos na área de humanidades e já vendeu mais de um milhão de exemplares.

Há centros de estudos com seu nome na Finlândia, África do Sul, Áustria, Alemanha, Holanda, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá, além de 41 universidades terem lhe concedido título de Doutor Honoris Causa.

Em Estocolmo, na Suécia, há até uma estátua do brasileiro, que é o autor de língua portuguesa mais estudado nas universidades de países de língua inglesa consideradas as melhores do planeta, como Harvard, Oxford, MIT, Stanford, Yale, Princeton, Caltech, Imperial College London, Cambridge (onde há uma estátua do educador) e muitas outras.

Freire recebeu premiações importantes, como o Prêmio Unesco da Educação para a Paz, além de uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz. Em 2012, o pensador foi escolhido oficialmente como o Patrono da Educação no Brasil.

 

Fonte: APUFPR


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