Pressão popular exige renúncia de Michel Temer

A pressão popular contra os ataques aos direitos dos trabalhadores virou o jogo da política brasileira. O presidente ilegítimo Michel Temer está por um fio em seu cargo e, apesar de declarar publicamente na tarde desta quinta-feira (18) que não renunciará, já vê a aprovação das contrarreformas Trabalhista e da Previdência ficarem mais difíceis, com o abandono de parte de sua base aliada no Congresso Nacional. Manifestações estão sendo organizadas em todo o país para o final da tarde desta quinta, pela saída de Temer e pela não aprovação das contrarreformas.

A crise surgiu após a divulgação da delação do grupo frigorífico JBS/Friboi de que Temer teria intermediado a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em investigações da Lava Jato. Michel Temer tem encontrado dificuldade de apoio para realizar as duras contrarreformas Trabalhista e da Previdência, pautadas pela burguesia, em meio a um cenário de crescente mobilização da classe trabalhadora e aumento do descrédito do governo frente à população. Mesmo com maioria no Congresso Nacional, o presidente ilegítimo ainda não conseguiu retirar direitos na velocidade que o empresariado esperava.

Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, avalia o papel que cumpriram as recentes mobilizações para a instalação da crise no interior do governo Temer. “As manifestações populares ajudaram a criar instabilidade no governo e divergências entre as frações da burguesia”, diz. “Não estamos na rua apenas pelo Fora Temer, mas também contra as reformas e a retirada de direitos”, lembra a docente.

Em nota divulgada na manhã da quinta-feira, a diretoria do ANDES-SN avaliou que “o reingresso na cena política da classe trabalhadora, explicitado na greve geral do dia 28 de abril, acirrou a crise brasileira que vive mais um capítulo protagonizado pelas disputas de poder entre as frações burguesas. Pressionado pela força das movimentações da classe trabalhadora, que alteraram a correlação de forças na direção de dificultar a continuação da aprovação das contrarreformas, sobretudo após a greve geral de 28 de abril, setores da burguesia junto com a mídia corporativa se adiantam para tentar mudar as peças de transmissão de suas demandas em tempos de crise”.

Mercado financeiro rompe com Temer

Notícias divulgadas em jornais como Correio Braziliense, Exame e Valor Econômico já davam o tom do giro político brasileiro após a divulgação da delação. Representantes de fundos que atuam no mercado financeiro afirmam que não há condições de Temer continuar no poder. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), foi fechada nesta quinta com menos de 30 minutos de funcionamento com queda de quase 10%, por meio de um mecanismo chamado de “circuit breaker”, que impede bolsas de funcionarem com quedas ou altas de mais de 10%. A última vez em que isso havia ocorrido foi em 2008, durante o pico da crise econômica internacional.

O mercado financeiro também foi palco de outra jogada: antes do anúncio da delação, a JBS/Friboi comprou dólares em grande quantidade. Na prática, isso significa que a empresa teve grandes lucros com a divulgação da denúncia. A valorização do dólar foi de 1,67% na quarta (17), e é, por enquanto, de mais de 6% nesta quinta. Informações do Valor Econômico apontam, ainda, que a JBS/Friboi está de malas prontas para a Holanda, onde passará a funcionar a sede da multinacional da carne.

STF autoriza abertura de inquérito contra Temer

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, decidiu abrir inquérito para investigar o presidente Michel Temer. A medida foi tomada a partir das delações premiadas dos empresários Joesley Batista e Wesley Batista, donos do grupo JBS/Friboi. A previsão é de que o sigilo das delações seja retirado ainda hoje (18).

Tramitação das contrarreformas é paralisada

A crise gerada pela denúncia da JBS/Friboi serviu, ainda, para paralisar momentaneamente a tramitação das contrarreformas Trabalhista e da Previdência. O relator do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38/17, da Contrarreforma Trabalhista, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), já afirmou que adiará a entrega de seu relatório ao Plenário. Ele havia se comprometido com o governo federal a entregar o relatório no dia 23 de maio. Integrantes da equipe econômica do governo federal também descartaram a aprovação rápida da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16, da Contrarreforma da Previdência. Temer queria votar o ataque à aposentadoria dos brasileiros em primeiro turno no dia 29 de maio. O governo também cancelou a veiculação da campanha publicitária a favor da aprovação da PEC.

Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, avalia que a paralisação dos ataques é uma vitória. “A paralisação das reformas é uma vitória, ainda que parcial. Qualquer atraso no processo de retirada de direitos tem que ser considerada uma vitória, mesmo que momentânea, e fruto de nossa mobilização. Diante do caos criado pelas denúncias, os deputados e senadores estão ainda mais expostos. A base do governo não está mais segura, então é momento de intensificar a pressão sobre eles para impedir a retirada de direitos”, comenta.

Ocupe Brasília será marco da luta contra a retirada de direitos

Com a mudança na conjuntura, aumenta também a importância da manifestação Ocupe Brasília, marcada pelas centrais sindicais para o dia 24 de maio. Apoiadas na disposição de luta dos trabalhadores brasileiros, que se refletiu na força da Greve Geral de 28 de abril, a ideia é avançar na mobilização nacional para barrar as contrarreformas da Previdência e Trabalhista e revogar a Lei das Terceirizações, na perspectiva de uma nova Greve Geral, de 48 horas.

“Diante de todo o escândalo no Brasil, se ele ainda tiver forças para permanecer no poder, temos que ir com ainda mais energia para as ruas no dia 24, e levar o dobro de pessoas que imaginávamos, para garantir a queda de Temer”, afirma Eblin Farage, presidente do ANDES-SN. “Temos que derrubar Temer, rejeitar as contrarreformas, e reverter as reformas que já foram feitas, inclusive durante os governos de Lula e Dilma – como a Reforma da Previdência de 2003”, completa a docente.

Confira a nota da diretoria do ANDES-SN: A intensificação da crise do ilegítimo Governo Temer

Com informações de EBC, Valor Econômico, Exame e Correio Braziliense.

Fonte: ANDES-SN


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