Polícia Militar agride e tortura famílias Kaingang no Rio Grande do Sul

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciou que a Polícia Militar do Rio Grande do Sul agrediu e torturou famílias indígenas do Povo Kaingang no dia 15 de fevereiro em Passo Fundo, norte do estado.

Segundo depoimento de lideranças indígenas prestados ao Ministério Público Federal de Passo Fundo (RS), 12 famílias decidiram – como forma de chamar a atenção das autoridades federais para a necessidade de demarcação de suas terras – ocupar uma área de domínio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), portanto área federal, próximo ao trevo do município de Marau, na BR-285.

De acordo com depoimento dos indígenas, houve tentativa de diálogo com os policiais. No entanto, a iniciativa não surtiu nenhum efeito. De imediato, os policiais passaram a agredi-los. Foram lançadas bombas de gás lacrimogênio e disparados tiros de balas de borracha. Várias pessoas foram alvejadas e feridas, dentre as quais crianças, mulheres e idosos. Ainda segundo os indígenas, o ancião Querino Carvalho foi espancado até desmaiar e outro senhor recebeu mais de dez tiros de bala de borracha na perna e no joelho.

Os Kaingang denunciaram também que um rapaz foi ferido na perna por disparo de bala letal. De acordo com depoimento prestado ao MPF, além das agressões físicas, os indígenas sofreram uma série de constrangimentos e insultos com frases preconceituosas como: “tropa de bugres sujos”. Segundo o relato, eles também foram ameaçados de morte, uma vez que lhes foi dito que caso retornem ao local, “os Kaingang sairão de lá em caixões”.

Em nota, o Cimi afirmou que “solidariza-se com as famílias do povo Kaingang e pede providências no sentido de que se investigue, através do MPF e da Polícia Federal, os fatos relatados pelos indígenas, os atos de violência praticados, bem como se a Polícia Militar possuía algum tipo de mandado judicial para agir contra as famílias acampadas na faixa de domínio do DNIT, portanto área de domínio federal”.

“É necessário e urgente pôr um fim à violência, que o Estado promova a responsabilização por estas práticas e implemente, em definitivo, os direitos constitucionais dos povos indígenas no Brasil”, conclui o Cimi.

Edição de ANDES-SN com imagem de Cimi

Fonte: Cimi


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