Pistoleiros atacam acampamento Hugo Chávez, do MST, em Marabá (PA)

No último final de semana, o acampamento Hugo Chavez, localizado no município de Marabá (PA), sofreu um intenso ataque por parte de pistoleiros armados. A primeira ofensiva contra os trabalhadores rurais e suas famílias começou por volta das 23 horas da noite de sábado. Uma caminhonete com homens armados passou em frente ao acampamento e disparou vários tiros em direção na entrada do local. No domingo (16), o tiroteio recomeçou às 13 horas e os pistoleiros atearam fogo ao redor do acampamento e nas roças de feijão e mandioca plantadas pelas famílias.
Muitas mulheres, idosos e crianças entraram em desespero na hora do ataque e passaram mal com a fumaça. A fazenda Santa Tereza, hoje acampamento Hugo Chávez, abriga 300 famílias que produzem alimentos para consumo próprio e comercialização.
O local também possui uma escola organizada pelos próprios acampados e atende cerca de 180 educandos, entre crianças, jovens e adultos. As famílias – que ocupam a área desde 8 de junho de 2014 -, sempre sofreram com a ação violenta dos pistoleiros da região. Bombas, tiros, ameaças de morte, queima de barracos e plantações são as ações costumeiras contra as famílias acampadas no Hugo Chávez.
No fim de semana anterior, o gerente da fazenda passou pela área ameaçando os acampados, e bradando que a qualquer momento poderiam ser surpreendidos por tiros disparados pelos seguranças da fazenda. A ameaça se concretizou.
A fazenda Santa Tereza é área da família Saldanha, composta por latifundiários na região, com um imenso histórico de violação dos direitos humanos e devastação do meio ambiente em suas fazendas, conforme afirmou Ayala Ferreira, da direção estadual do MST, no Pará, em matéria divulgada pelo movimento.
“Alguns anos atrás, Osvaldo Saldanha teve uma fazenda no sul do Pará que foi flagrada com prática de trabalho escravo e tiveram que pagar multa. Suas áreas são totalmente degradadas e cumprem apenas a função da produção de pasto para criação bovina aqui na região”, disse a liderança.
“Para resolver esse impasse o Estado precisa agir assentando as famílias, criando condições para reprodução da sua existência. As famílias resistirão a todo custo até conseguirem seu sonho de ter direito à terra e produzir alimentos para o povo”, sentenciou Ayala.
Apoio ao acampamento Hugo Chavez
Na segunda-feira (17), cerca de 200 pessoas se deslocaram para o acampamento a fim de prestar solidariedade às famílias o MST. A delegação foi composta por professores e estudantes da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e vários sindicatos de trabalhadores.
Durante a manhã, fizeram uma visita nas áreas de roça onde os pistoleiros atearam fogo e conversaram com as famílias. E no período da tarde, realizaram uma grande aula pública no centro do acampamento, para discutir a situação. Mesmo com a chegada da delegação os pistoleiros ainda transitavam na estrada a fim de intimidar qualquer ação de ajuda às famílias. Na próxima sexta (21), a comunidade acadêmica da Unifesspa e a CPT irão realizar, na universidade, um manifesto solidário ao acampamento.
A diretoria do ANDES-SN enviou nota de apoio aos trabalhadores e trabalhadoras do acampamento Hugo Chavez. No documento, a diretoria do Sindicato Nacional aponta que “essa situação de terror a que estão submetidos os acampados é uma rotina que precisa ser denunciada, coibida e eliminada, e seus executores punidos. Não podemos aceitar que massacres e chacinas como a de Eldorado do Carajás, em 1996, ou Pau D’Arco, no mês de maio do ano em curso, sejam reeditadas por um latifúndio que se apoia e se fortalece no solo da tradição de impunidade que predomina no país”.
Na nota, os diretores do ANDES-SN exigem, das autoridades responsáveis, a imediata apuração dos fatos ocorridos, a punição dos culpados, a rapidez na desapropriação da fazenda Santa Tereza e o fim da violência no campo.
“Todo apoio à luta dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais sem terra do acampamento Hugo Chavez. Reforma Agrária sob controle dos trabalhadores”, finaliza a nota. Confira a íntegra do documento.
Ataque na Zona da Mata mineira
O acampamento do MST localizado na Fazenda São José/Liberdade, parte do complexo de Fazendas Reunidas HD, em Coronel Pacheco, foi atacado na segunda-feira (17), pelo proprietário da fazenda, apoiado pela Polícia Militar de Minas Gerais.
Na última sexta (14), o proprietário da área passou um trator na área próxima às moradias. E na segunda, ateou fogo no capim seco, colocando em risco as 350 famílias acampadas no local. Crianças, mulheres e idosos passaram o dia em meio à fumaça criada pelo incêndio. Segundo informações divulgadas pelo Mídia Ninja, ninguém foi ferido.
A polícia militar cercou o acampamento com armas em punho, numa clara expressão de ameaça, enquanto os moradores tentavam conter o fogo.
De acordo com Tamires Gomes, coordenadora da área, ”o intuito é intimidar as famílias, provocá-las, para que deixem a luta pela terra. Desde que a área foi ocupada, centenas de pessoas procuram o movimento para se somar, porque a cidade deixou de apresentar perspectiva de vida a elas”, explica.
O complexo HD possui mais de 2700 hectares somente no município de Coronel Pacheco, em uma área de grande potencial para desenvolvimento da agricultura familiar e produção de alimentos agroecológicos, devido à vizinhança com o Assentamento Denis Gonçalves, de 150 famílias, e a proximidade a polos de mercado, como Juiz de Fora e Rio de Janeiro.

*Com informações do MST e do Mídia Ninja.

Fonte: ANDES-SN

 


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