Importantes nomes do debate energético e ambiental no Brasil, o geólogo Guilherme Estrella e o professor Ildo Suaer se encontraram, no Rio de Janeiro, para discutir as perspectivas da Petrobras com a descoberta do novo Pré-sal do Amapá, na Foz do Amazonas, conhecido como Pré-sal do Norte.
Ambos tratam do assunto com extremo conhecimento de causa, uma vez que, além do trabalho científico relevante, também foram diretores da Petrobras durante os governos do PT, quando a empresa cresceu e se tornou uma das maiores do mundo no setor petrolífero.
Estrella e Sauer defendem que as novas jazidas, recentemente avaliadas como maiores do que o Pré-sal das regiões Sul e Sudeste, podem servir como importante motor do desenvolvimento regional do Norte do país e de suas políticas públicas de saúde, educação e preservação ambiental.
Tema estratégico
Em entrevista ao site do Movimento em Defesa da Soberania Nacional, os ex-diretores da Petrobras demonstraram otimismo com o potencial petrolífero da Foz do Amazonas que, para eles, deveria ser tratada como “região estratégica” e receber massivos investimentos para modelar e delimitar o sistema petrolífero no local.
A atuação da Petrobras na região é inevitavelmente pautada por questões estratégicas, de soberania e segurança que, se ignoradas, podem prejudicar a população da região e comprometer o futuro do país.
Como estes novos recursos não foram afetados pelas políticas de privatização impostas por Bolsonaro à Petrobras desde o início de seu mandato, é possível utilizá-los em projetos relativos à indústria espacial e à defesa nacional, segundo Ildo Sauer.
Além disso, os especialistas defendem que os recursos obtidos via exploração de fontes fósseis sejam usados para o desenvolvimento sustentável, financiando políticas de combate à pobreza, e de educação e saúde.
Para isso, uma mudança de rumos precisaria ser adotada na empresa que vem passando, nos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, por um feroz processo de privatização e submissão de sua atuação aos interesses de acionistas e do mercado internacional.
U$ 2 bilhões em investimento
A Petrobras aguarda a expedição de licenças ambientais para tentar iniciar a exploração do Pré-sal na costa do Amapá ainda em 2022.
O primeiro poço será perfurado a cerca de 160 km do Amapá e aproximadamente 2,8 mil metros de profundidade e a Petrobras investir US$ 2 bilhões na região até 2026, 38% do total para novas explorações no período.
Caso o Ibama aceite os estudos de impacto ambiental e autorize a produção, oito poços serão perfurados na região.
Professor da Universidade de São Paulo (USP), Ildo Sauer tem formação em Engenharia e já comandou as áreas de gás e energias renováveis da Petrobras. É especialista em energia, com ênfase na organização da produção e na apropriação social da energia.
Guilherme Estrella, geólogo, foi diretor de exploração e produção da estatal e participou diretamente da criação da tecnologia que permitiu encontrar e dimensionar a jazida de petróleo mais profunda do mundo.
Fonte: APUFPR
