O feriado da Independência foi dia de luta foi pela autonomia das universidades

9 de setembro de 2019
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Organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), o Tsunami da Educação tomou as ruas do país contra o desmonte das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) no feriado de 7 de setembro. Em Curitiba, o ato foi realizado na praça Santos Andrade.

O protesto foi uma resposta de estudantes, docentes, técnicos e outros setores da sociedade aos sucessivos cortes orçamentários impostos pelo Ministério da Educação (MEC) às universidades e institutos federais.

Sem estrutura, algumas instituições, entre elas a UFPR, correm o risco de suspender as atividades ainda no segundo semestre deste ano.

O feriado era o da Independência, mas a luta foi pela autonomia. Por isso, os manifestantes também repudiaram o Future-se, que prevê o repasse da administração das Ifes à iniciativa privada. O programa representa a subordinação da pesquisa acadêmica à lógica mercantil e, por isso, desconsidera o compromisso público da ciência produzida nas universidades federais.

Além disso, o Future-se fere frontalmente a autonomia universitária ao repassar a organizações sociais (OS) a prerrogativa de definir as diretrizes de ensino, pesquisa e gestão administrativa das instituições. O que está em jogo é o caráter social das universidades, já que o Governo Federal deixaria de ser o principal responsável pelo financiamento das Ifes.

Regidas por interesses meramente mercadológicos, as universidades seriam transformadas em espaços elitizados e reféns de uma competitividade característica da iniciativa privada.

No aspecto trabalhista, o Future-se representa uma grande ameaça aos direitos dos docentes, já que autoriza a contratação de professores sem concurso público. Em outras áreas, como a saúde, a entrada das Organizações Sociais (OS) se converteu automaticamente em piores condições de trabalho e desvalorização, reduto de inúmeros casos de corrupção e de nepotismo.

Não é exagero dizer que a educação pública brasileira vive um de seus momentos mais delicados e decisivos. O desinvestimento em estrutura, aliado a um crescente pensamento anti-científico e obscurantista, exige um esforço coletivo de resistência.

A APUFPR apoiou o Tsunami da Educação e convida os docentes da UFPR para se somarem às próximas mobilizações em defesa das universidades e institutos federais.

Independência?

O ato foi realizado em uma data que adquire, nos tempos atuais, uma simbologia profundamente contraditória. Ao entregar para o capital estrangeiro empresas estratégicas como a Embraer e a BR Distribuidora, oferecer em liquidação dezenas de outras (inclusive aquelas que detêm dados sensíveis sobre a população, como a Serpro e Dataprev) e sucatear a produção científica nacional, o Brasil se tornará rapidamente um país cada vez menos independente.

Cabe a todos e a todas que são comprometidos com a educação e com o futuro do país continuar lutando para que isso não aconteça.

Fonte: APUFPR


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