Novo ministro da Educação é militar, ligado ao mercado financeiro e mentiu sobre doutorado

29 de junho de 2020
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Na tarde de quinta-feira (25), o presidente da República, Jair Bolsonaro, nomeou Carlos Alberto Decotelli da Silva como novo ministro da Educação, substituindo o Abraham Weintraub (considerado o pior de todos os tempos, e que fugiu para os Estados Unidos).

Financista e oficial reserva da Marinha, é o nono militar no alto escalão do atual governo, um recorde. Há mais ministros militares do que nos governos da ditadura.

Ao mesmo tempo em que fortalece a presença de militares (o que, segundo análises, poderia explicar a complacência do primeiro escalão da caserna com os absurdos praticados pelo governo), enfraquece a ala radical formada por seguidores do astrólogo Olavo de Carvalho (um pseudo-intelectual que chantageia o próprio governo em troca de contribuições financeiras para sobreviver e para processos na Justiça).

Mas tem uma coisa que parece não ter mudado logo de início: a mentira (que era uma das marcas de seu antecessor). Decotelli colocou em seu currículo lattes que teria obtido um doutorado na Universidade Nacional de Rosario, na Argentina. Mas na sexta-feira (26) foi desmentido pelo reitor da própria instituição, Franco Bartolacci.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, apagou o tweet em que elencava o currículo do novo ministro.

 

Decotelli é o oitavo membro do alto escalão que mente sobre o próprio currículo. Provavelmente, outro recorde.

O novo ministro presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) por quatro meses no início de 2019, na gestão do ministro Vélez Rodríguez (que mentiu “só” 22 vezes em seu currículo). Na época, ficou conhecido por passar grande parte do período viajando.

Segundo seu lattes, já deu aulas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Banrisul e Fundação Dom Cabral (pelo menos até o momento, nenhuma dessas instituições o desmentiu).

Mas não há nada que indique que ele tem preparo para o cargo. E como seu nome agrada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, ele pode representar mais ameaças à educação pública, já que a prioridade de Guedes tem sido aplicar cortes nos orçamentos das instituições federais de ensino e nos direitos dos servidores públicos.

Praticamente desconhecido nos meios educacionais, seu nome já se destaca quando se trata de problemas. Quando esteve à frente do FNDE (que teve um orçamento de R$ 55 bilhões em 2019), um dos programas priorizados pelo Fundo, o Educação Conectada, ganhou “notoriedade” depois que a Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou inconsistências em um edital de R$ 3 bilhões de um pregão para a compra de equipamentos de tecnologia educacional. Foi demitido em agosto do ano passado e alocado na Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp), também no MEC.

 

Fonte: APUFPR


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