Novo ensino médio aprofundará desigualdades sociais e dificultará o acesso às universidades

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Novo ensino médio aprofundará desigualdades sociais e dificultará o acesso às universidades

Neste ano, as escolas públicas de todo o Brasil terão que começar a implementar o “Novo Ensino Médio”. Imposto por meio da Medida Provisória (MP) 746/2016, e convertido na Lei Federal 13.415/2017, o novo modelo vai, na verdade, aprofundar ainda mais as desigualdades sociais no país.

Enquanto a propaganda do Governo Federal tenta fazer as pessoas acreditarem que seria uma grande revolução, na verdade é uma grande enganação que levará jovens a um abismo maior ainda ao se depararem com uma educação esvaziada de conhecimento.

“Novo Ensino Médio” (NEM) é o nome-fantasia da reforma educacional deflagrada em 2016. Naquele ano, mais de mil escolas e universidades foram ocupadas no país por estudantes que contestavam o autoritarismo do projeto do governo de Michel Temer.

Como um serviço com ares de self service, o Novo Ensino Médio traz a promessa de que o estudante “poderá escolher o que estudar”.

É uma grande balela porque por trás desse discurso está o esvaziamento do currículo escolar. O novo modelo tem duas etapas: uma parte comum a todos, de 1.800 horas, que é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e 1.200 horas de itinerários formativos (termo criado para dar a impressão de que estudantes terão poder de escolha).

Só que as escolas ou redes de ensino escolherão quais itinerários serão oferecidos. E aí o abismo entre elas será gigantesco, porque serão evidenciadas as discrepâncias entre as condições estruturais e econômicas entre as escolas com mais ou menos recursos.

Cada escola deverá escolher pelo menos 2 de 5 itinerários (são 4 de áreas de conhecimento – Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza ou Ciências Humanas e Sociais – e um de formação técnica profissional). Obviamente, escolas com mais recursos conseguirão oferecer mais itinerários.

Como o estudante deverá definir seu itinerário, já não terá uma formação básica completa. A lei é falha e não estabeleceu o impacto disso no Enem. Como o governo atual é confuso e ineficaz, também não divulgou informações concretas, apenas que a partir de 2024 seriam duas etapas, uma com conteúdos baseados na BNCC e a outra de acordo com o curso que pretende cursar na universidade. Não divulgou, por exemplo, qual a correlação do Enem com os conteúdos de cada itinerário (o que pode trazer um grave problema para estudantes que não tiverem acesso ao conteúdo exigido no exame).

As determinações da Lei mostram que esse “Novo Ensino Médio” é, na verdade, um ensino médio esvaziado, já que não se caracteriza mais como “educação básica”, não oferece formação profissional de qualidade e nem prepara para o prosseguimento nos estudos em nível superior.

 

Quem sai perdendo: os alunos da escola pública

85% das matrículas do ensino médio estão na escola pública. Eles serão os maiores prejudicados pela formação excludente. Na escola pública está a grande maioria dos alunos trabalhadores e que muitas vezes dependem somente da formação escolar para ingressarem em uma universidade (sem conseguir pagar um cursinho pré-vestibular, por exemplo).

Por isso, é necessário denunciar que por trás dessa proposta existe a intenção de afunilar o acesso à universidade e, ao mesmo tempo, tirar de grande parte dos estudantes a possibilidade de estudar conteúdos que não interessam aos interesses ideológicos e econômicos do governo.

Não é por acaso que o atual Ministro da Educação, Miltom Ribeiro, defendeu que “a universidade deveria ser para poucos.”

 

Fonte: APUFPR


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