Nota de repúdio ao ataque transfóbico sofrido pela docente Megg Rayara

3 de maio de 2019

A APUFPR-SSind vem a público manifestar seu repúdio ao ataque discriminatório sofrido pela docente da UFPR Megg Rayara Gomes de Oliveira. A professora foi alvo de uma série de postagens de teor transfóbico e lesbofóbico em uma página do Facebook — que não terá seu nome divulgado no site da seção sindical para não dar visibilidade e nem amplificar ainda mais o discurso de ódio anônimo, covarde e reacionário que infelizmente é defendido por parte da sociedade.

Os textos atacam a identidade e os temas de pesquisa que são caros à docente. O conteúdo das postagens é uma clara consequência dos tempos de opressão e obscurantismo vividos pelo país, que transformaram redes sociais em um picadeiro para a dialética da intolerância. A construção do conhecimento intrínseca à concepção da universidade pública só é rica e transformadora por ser pautada na inclusão, no diálogo e no questionamento ao status quo.

Quando uma docente é vítima de uma agressão contrária a esses princípios e não recebe apoio da própria instituição em que leciona, toda a comunidade perde uma batalha importante em prol do desenvolvimento social, da autonomia universitária, da cidadania e das liberdades individuais e acadêmicas.

Em 2017, Megg tornou-se símbolo da renovação e do progresso na UFPR ao tornar-se a primeira travesti negra a conquistar um título de doutora pela universidade. E agora, já como professora concursada e aprovada pela instituição, se vê sem nenhum suporte da reitoria diante da violência orquestrada por pessoas que se dizem parte da universidade. É dever da administração da UFPR tratar o fato com seriedade, conduzir investigações para descobrir quem são os autores das postagens e tomar todas as medidas que estejam ao seu alcance para que essas pessoas sejam punidas.

É inadmissível que a reitoria não trate ataques à comunidade LGBTI+ com a devida  importância, e que mesmo diante de todos os problemas vividos pelos professores da universidade nos últimos anos, ainda não tenha uma política séria e eficaz contra atentados à liberdade de pesquisa científica de seu quadro docente.

Com o avanço de um projeto nacional de educação que tenta ao máximo cercear e reduzir o número de trabalhos desenvolvidos na área de humanas, é urgente que a reitoria repense sua postura e tome atitudes concretas contra os ataques aos trabalhos acadêmicos voltados a fenômenos sociais e às relações humanas. Diante da atual conjuntura, é intolerável que professores de uma universidade pública federal estejam à mercê da perseguição e da repressão sem que nenhum tipo de proteção, segurança ou suporte sejam oferecidos pela mesma.

A APUFPR-SSind reitera seu apoio total e irrestrito à docente Megg Rayara diante dessa situação lamentável. A seção sindical atenderá a professora para encaminhar as providências jurídicas cabíveis e responsabilizar os autores das publicações, que já estão devidamente documentadas.


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