Nota da APUFPR-SSind: Ameaça de massacre na UFPR é reflexo da perseguição às liberdades

11 de abril de 2019

Na noite de ontem (10), uma postagem anunciando a realização de um massacre na UFPR causou pânico nos membros da comunidade universitária.
A mensagem original foi publicada em um dos muitos fóruns extremistas da chamada deep web (parte menos “visível” da internet), onde usuários anônimos destilam ódio contra minorias sociais e exaltam o discurso belicoso banalizado por grupos extremistas e políticos nos últimos tempos.
Esse tipo de ameaça é inadmissível no estado democrático. O medo e a coação vêm sendo utilizados como ferramenta de chantagem contra a comunidade universitária, numa tentativa covarde de calar as liberdades e diversidades de pensamento e de expressão.
Desde o massacre de Suzano, em março passado, várias universidades públicas receberam ameaças semelhantes, demonstrando que a investida dos discursos de ódio tem um alvo claro. É imprescindível analisar o fenômeno além do ato em si, e reconhecer o uso da violência como instrumento de intolerância e de perseguição política.
Na atual conjuntura, não só os espaços de produção de conhecimento, mas também seus atores (docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes) são tratados como inimigos que devem ser abatidos. É preciso compreender que este tipo de discurso, proferido por atores políticos como arma de aglutinação de sua base de admiradores, tem reflexos trágicos na vida real.
O ataque retórico contra a universidade pública, ecoados sistematicamente por veículos de imprensa que compartilham a mesma agenda política e econômica desses grupos extremistas, embasam e reforçam o estímulo à ação.
Não podemos tratar essa ameaça, e nem o massacre de Suzano ou atos semelhantes que acontecem em outros países, como ações isoladas ou frutos de meros transtornos mentais de seus autores. São ações políticas, executadas sob o estímulo constante de atores políticos e sociais.
O anúncio do massacre deve ser investigado com a máxima seriedade pelas autoridades competentes e pela administração da universidade — que, até o momento, nada fez além de disseminar o pânico entre discentes, funcionários e professores.
Logo após tomar conhecimento das ameaças, a reitoria da UFPR se limitou a publicar um texto breve e vago em uma rede social, sem nenhuma conclusão ou orientação sobre o que estava acontecendo.
Em poucos minutos, a postagem recebeu centenas de comentários de acadêmicos desesperados, comprovando que a precipitação da administração não teve nenhum desdobramento efetivo, exceto servir como um canal para ampliar ainda mais o clima de medo e terror.
O silêncio da reitoria sobre um possível — e prudente — cancelamento das aulas também acentuou a sensação de despreparo para lidar com um problema dessa magnitude.
Não é de hoje que a comunidade acadêmica da UFPR se sente desprotegida nos campi da instituição, e se encontra sem nenhum tipo de suporte diante da popularização de discursos de ódio.
A APUFPR-SSind reitera seu repúdio a qualquer tentativa de utilizar o pânico e a violência como armas de ataque à democracia, ao mesmo tempo em que exige da reitoria uma ação com responsabilidade, dando orientações concretas e claras para docentes, técnicos-administrativos, funcionários terceirizados e estudantes.
Ao mesmo tempo em que a instituição não deve se dobrar ao terror, precisa ser responsável com a integridade e com a vida dos membros de sua comunidade.
A universidade tem a obrigação de não se limitar apenas a postagens nas redes sociais. Além de acompanhar a grave situação de perto, pressionando os órgãos oficiais para que as investigações sejam concluídas e os responsáveis identificados e responsabilizados criminalmente, a instituição precisa abrir urgentemente um canal de diálogo com a sociedade, para debater a fundo os motivos que estão levando ao crescimento da violência contra o conceito de universidade pública.
Por isso, urge a promoção de um debate ampliado sobre as reais motivações por trás desse tipo de ameaça, sobretudo aquelas direcionadas a professores, técnicos e alunos que compõem camadas sociais menos favorecidas.
Todos que frequentam um espaço público têm o direito de exercer suas atividades com total segurança e apoio. A APUFPR-SSind não irá descansar até que a administração tome todas as providências necessárias para fornecer amparo e resguardo a todos que vivem a UFPR diariamente.
 
Diretoria da APUFPR-SSind


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