Nota da APUFPR em solidariedade ao povo da Bolívia

13 de novembro de 2019
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A APUFPR manifesta sua solidariedade e seu apoio ao povo boliviano diante do Golpe de Estado que consumou a retirada do ex-presidente Evo Morales da Presidência no último domingo (10) e colocou a Bolívia nas mãos de setores políticos com nítidas tendências ditatoriais e fundamentalistas.

A escalada autoritária por parte do Exército boliviano e de setores que não se conformaram com a derrota no processo eleitoral, que intimidaram o então chefe do Executivo a deixar o cargo, e a crescente hostilidade contra setores políticos ligados ao governo de Evo – com saques, depredação de residências, agressões públicas e mandados de prisão ilegais – confirmam a tendência autoritária que vem tomando a América Latina de assalto no final dessa década.

Foram cerca de três semanas entre a confirmação da reeleição de Evo Morales em um processo eleitoral controverso e a sua renúncia, “sugerida” pelas Forças Armadas para evitar um derramamento de sangue no país.

Diante do impasse e da crescente tensão civil, o ex-presidente convocou novas eleições presidenciais, saída democrática que foi rejeitada pelas Forças Armadas e por setores políticos ligados ao líder oposicionista Luiz Fernando Camacho, que sequer concorreu às eleições presidenciais realizadas no dia 20 de outubro.

Isso apenas comprova que os opositores nunca tiveram intenções democráticas. Apenas desejavam a tomada de poder.

Minutos antes da renúncia de Evo, Camacho adentrou o Palácio do Governo repetindo frases típicas de líderes populistas radicais.

Ele diz não fazer parte da política, mas defende as elites empresariais, usou retórica religiosa e tem um discurso claramente racista e anti-indígena, o que lhe garantiu a pecha de “Bolsonaro boliviano”.

Não é por acaso que a bandeira Whipala, considerada símbolo dos povos nativos da Cordilheira dos Andes, está sendo queimada nas ruas do país e retirada de órgãos oficiais do governo.

O cenário boliviano ilustra com precisão a ofensiva da faceta mais autoritária do neoliberalismo na América Latina. O desprezo às soluções democráticas e a banalização das rupturas institucionais não podem se tornar a regra no continente, com o risco do aprofundamento de tensões e uma permanente crise civil na região.

A APUFPR manifesta, portanto, sua solidariedade ao povo boliviano e reitera a importância de um projeto popular que rejeite o racismo e o extermínio dos povos originários e assegure os direitos sociais da população latino-americana.

Fonte: APUFPR


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