MTST ocupa reitoria da UFU contra despejo de moradores de terreno da universidade

Centenas de trabalhadores do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocuparam o prédio da reitoria da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais, na quinta-feira (16), para cobrar do reitor Valder Steffen uma posição contrária a decisão de reintegração de posse da Ocupação do Glória – em terreno localizado no campus da instituição -, que resultaria no despejo de quase 2,5 mil famílias.

Recentemente, a Advocacia-Geral da União (AGU) se posicionou, cobrando o cumprimento da ordem judicial de reintegração de posse no campus Glória. O governo federal já disponibilizou recursos (R$ 7,4 milhões) para que a UFU encaminhe o despejo, e, considerando, o plano estratégico apresentado pela Polícia Militar, as famílias do Glória – prevenindo uma tragédia no futuro -, decidiram ocupar a reitoria e reivindicar que o reitor fizesse a doação da área de conflito e retirasse a ação de despejo.

Durante a manifestação na universidade, Valder Steffen se reuniu com os moradores e reforçou que a intenção da administração da UFU é solucionar o problema de forma pacífica. Disse, ainda, que tem buscado auxílio de órgãos federais e municipais, além de políticos da região, para resolver a questão.

“Na reunião com os manifestantes, o reitor disse que é favorável a uma negociação pacífica e pediu um voto de confiança aos trabalhadores. Ele assumiu a reitoria no início de janeiro e, desde lá, nós da Associação dos Docentes da UFU (Adufu-Seção Sindical do ANDES-SN) e o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (Sintet-ufu) tivemos duas reuniões com o Valder Steffen. Em ambas, cobramos uma posição dele que não seja pelo despejo, pois, se isso ocorrer,  a universidade irá sujar as mãos. Também exigimos que não haja surpresas, como foi com o reitor anterior, que na calada de noite foi à Brasília solicitar recurso para o despejo. A Universidade não tem recurso para nada, as contas de energia elétrica estão atrasadas, mas tem R$ 7,4 milhões para fazer o despejo”, criticou Jorgetânia da Silva Ferreira, presidente da Adufu-SSind.

A docente alerta que se a reintegração de posse for adiante terá proporções maiores que o despejo das famílias em Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), em 2012. A desocupação do Pinheirinho, se deu de forma extremamente violenta. O governo do estado de São Paulo fez uso de grande aparato militar com mais de dois mil policiais, helicópteros, cavalaria, tropas de choque e bombas, para expulsar os moradores de suas casas. Dezenas de pessoas foram detidas, várias ficaram feridas e houve ainda relatos de espancamentos e tentativas de estupro.

“Estamos fazendo um movimento de resistência para que não haja o despejo dessas famílias e a única saída é a negociação. Ponto de vista esse, já reafirmado pelo Conselho Universitário da UFU. Infelizmente, hoje, há todas as condições favoráveis para fazer o despejo. Sabemos que esse recurso para a reintegração de posse é para comprar balas de borracha, bombas, e tratores para demolir as casas. Se isso ocorrer, será uma das maiores tragédias da América Latina”, ressaltou.

Ocupação no Campus Glória
Atualmente, são mais de 15 mil pessoas vivendo na Ocupação Glória, no campus da UFU, que já conta com 2.350 moradias em 63 hectares de terreno localizado às margens da rodovia federal. O local foi ocupado no início de 2012 e, hoje, a estrutura residencial improvisada conta com numeração de casas, comércios instalados e área reservada a equipamentos públicos como escolas e unidade de saúde. É considerada uma das maiores ocupações urbanas do Brasil. A área, chamada de Triângulo do Glória, nunca foi utilizada pela Universidade e já foi definida pela prefeitura como Zona Especial de Interesse Social (Zeis), para a construção de moradias populares.

Desde 2012, a Justiça Federal determinou o cumprimento da reintegração de posse do Campus Glória. Para por fim a disputa, em maio de 2016, o Ministério do Planejamento publicou a autorização da doação da Fazenda Capim Branco para a Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Diante disso, a UFU teria um prazo de cinco anos para regularizar a ocupação do campus Glória. Na época, a UFU disse que aceitaria a troca de terreno desde que não houvesse prejuízo financeiro, já que o terreno ocupado no campus Glória custaria cerca de R$ 65 milhões e a área doada vale em torno de R$ 58 milhões. No mês seguinte, a Justiça deu prazo para que a UFU se manifestasse sobre a troca dos terrenos, que não foi feita.

Comitê Regional Contra a Reforma da Previdência
Durante o lançamento do Comitê Regional Contra a Reforma da Previdência, que ocorreu na quinta-feira, na Praça Cívica em frente à Câmara Municipal de Uberlândia, centenas de moradores do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) demonstraram apoio tanto ao Comitê quanto aos professores da educação básica que ocupam a Câmara desde a última segunda (13) em protesto por salários atrasados. A intenção do Comitê é unir forças para fortalecer a luta contra a Proposta de Emenda à Consituição (PEC) 287/2016, apresentada pelo governo Michel Temer, que visa a contrarreforma da Previdência.

A primeira ação do Comitê será o Ato Contra a Reforma da Previdência, no dia 23 de fevereiro, às 16h, na Praça Tubal Vilela, centro de Uberlândia. No dia 8 de março – Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora – também está prevista manifestação para conscientizar a população sobre os ataques contidos na PEC 287/2016.

Com informações de Jornalistas Livres e G1

Fonte: ANDES-SN


BOLETIM ELETRÔNICO


REDES SOCIAIS