MEC determina volta às aulas nas federais em janeiro, mas recua depois da pressão social

2 de dezembro de 2020
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O Ministério da Educação (MEC) publicou, nesta quarta-feira (2), uma portaria determinando que instituições federais de ensino superior retomassem as aulas presenciais a partir de 4 de janeiro de 2021. Segundo o documento, as instituições deveriam adotar um “protocolo de biossegurança” (sem especificar o que seria) contra a propagação do novo Coronavírus (causador da Covid-19).

Em meio a um novo e acelerado surto da pandemia, o Governo Federal, mais uma vez, demonstrou a insensibilidade com que trata a vida dos brasileiros, pressionando as instituições a adotar uma medida que aumentaria, ainda mais, o número de infectados e de mortes no país.

A APUFPR já estava preparando medidas em relação à determinação do governo, mas, diante da imediata reação da comunidade acadêmica brasileira e de grande parte da sociedade, o MEC revogou a portaria no começo da tarde.

 

Intenções duvidosas

Retomar as aulas em um momento como o atual é mais uma prova de que o governo age com uma irresponsabilidade quase genocida e sem qualquer apreço pela segurança dos brasileiros.

É difícil entender as motivações por trás de medidas como essa.

Fazer com que as universidades federais retomassem suas atividades ajudaria, inclusive, a criar um ambiente favorável para que as instituições privadas agissem da mesma forma, agradando os controladores do ensino privado, que estariam compelidos a fazer o mesmo.

Nossa posição é clara: as vidas devem estar acima de tudo e não hesitaremos em tomar todas as medidas que estiverem ao alcance da APUFPR, caso o governo volte a colocar a vida da comunidade universitária em risco.

E mesmo que o MEC tenha recuado, precisamos manter a mobilização, pressionando pelas redes sociais oficiais (MEC, página do Governo Federal e afins) e debatendo e comentando as notícias publicadas pelos veículos de mídia tradicionais etc.

O resultado de hoje comprovou mais uma vez que a pressão social funciona e é a melhor forma de enfrentar o autoritarismo do governo.

 

Anti-ciência e contra a vida. Por quê?

O Governo Federal segue a passos firmes em sua luta constante e quase obstinada contra a ciência, ignorando todas as orientações que poderiam ter ajudado o Brasil a enfrentar a pandemia com menos infectados e menos mortes. Em vez de informar, desorienta, como fez o presidente da República, Jair Bolsonaro, inúmeras vezes ao propagandear medicamentos que não têm comprovação científica em sua eficácia.

Em nenhum momento deste triste período, em que mais de 173 mil brasileiros morreram por causa da pandemia, o governo deu qualquer mostra de apreço pela vida. Não tomou praticamente nenhuma atitude para proteger a população. Mal utilizou os recursos que tinha à disposição. Um recente relatório da Câmara dos Deputados, com dados até o dia 20 de novembro, mostrou que apenas 4,6% do dinheiro destinado ao combate à pandemia foi efetivamente gasto. Se um total de R$ 338,2 milhões autorizado a gastar, o valor utilizado para o enfrentamento da COVID não chegou a R$ 16 milhões.

Ao que parece, o governo torce pelo vírus, e não pelos brasileiros.

 

O mau exemplo de Curitiba

A Prefeitura de Curitiba adotou medida semelhante e teve resultados catastróficos. Dois dias após o primeiro turno da eleição, a prefeitura da capital liberou as aulas presenciais nas escolas particulares, o que, somado a outras questões, fez com que a cidade saísse de aproximadamente 3,5 mil casos ativos, no início de novembro, para mais de 13 mil casos ativos no final do mesmo mês. Esse é o maior número de casos ativos registrados ao longo do ano. O recorde anterior era de cerca de 8 mil casos.

 

Alerta permanente

Não há dúvida de que o governo não vai parar por aí. Portanto, vamos nos manter vigilantes e prontos para agir sempre que o governo apresentar medidas autoritárias, que ferem a autonomia universitária e, principalmente, que não priorizam a vida dos docentes e de toda a comunidade acadêmica.

 

Fonte: APUFPR


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