Greve nacional de petroleiros diz não à privatização da Petrobras

Em todo o país, teve início nas primeiras horas desta quarta-feira (30), a greve nacional dos petroleiros. A categoria anunciou paralisação de 72 horas como parte da luta contra a privatização da Petrobras. Os trabalhadores denunciam que o processo de privatização da estatal é o que está por trás da política de reajustes praticada pela empresa e que levou à escalada nos preços dos combustíveis.

A mobilização começou forte em todo o país, atingindo as refinarias, terminais e unidades operacionais da empresa. As principais refinarias, centro estratégico da Petrobras, tiveram os chamados “cortes de rendição”, a suspensão da troca de turnos, o que obriga a empresa a reduzir as operações.

Os trabalhadores cruzaram os braços mesmo após a decisão absurda e arbitrária do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que na terça-feira (29) declarou a paralisação como ilegal antes mesmo dela iniciar. O TST estipulou uma multa diária de R$ 500 mil, caso a decisão fosse descumprida.

Nas assembleias, manifestações e piquetes, há um repúdio geral dos trabalhadores contra a presença de tropas do Exército e da PM nas refinarias e unidades da Petrobras, como na Repar (PR) e na Revap (SJC-SP). Em alguns locais, houve repressão da polícia, como na Refap, em Canoas (RS).

Outra reivindicação presente na mobilização é a saída do presidente da Petrobras Pedro Parente. Sob as ordens de Temer, Parente está à frente da política de privatização da Petrobras e vem implementando uma série de medidas para sucatear a estatal e prepará-la para a venda às multinacionais estrangeiras.

Novo aumento do preço da gasolina é abusivo
A Petrobras anunciou um novo aumento no preço da gasolina, apesar da forte greve de caminhoneiros, que parou o país nos últimos dias, e da greve petroleira iniciada na quarta-feira, que questionam exatamente a escalada no preço dos combustíveis. A partir de quinta (31), o preço nas refinarias subirá 0,74% e passará a ser de R$ 1,9671 por litro. Somente no mês de maio, o preço do combustível nas refinarias acumula alta de 9,42%.

Avaliação
Segundo Gustavo Marun, da secretaria geral e de comunicação do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), a paralisação dos trabalhadores da Petrobras tem como pauta principal a revisão da política de preços adotada pela empresa e em defesa da Petrobras pública e 100% estatal.

“Tem uma questão, que está muito em voga que é a precificação dos combustíveis. A Petrobras está subordinada a uma lógica de uma empresa privada comum, que só visa o lucro. E esse não é o propósito da empresa. A Petrobras é uma empresa que lida com petróleo, com energia, o que tem muito a ver com a soberania do país, com a indução ao desenvolvimento”, explicou Gustavo.

De acordo com Marun, a política praticada por Pedro Parente tem como objetivo privatizar as refinarias. “Para seduzir o mercado com relação à privatização das refinarias, ele precisa segurar essa política que vise somente os lucros e que ignore a população brasileira e a soberania do país”, criticou.

“Estamos em defesa da própria existência da Petrobras, contra a política de preços subordinada a uma lógica de mercado, e pela manutenção da empresa pública e estatal e contra a privatização das refinarias, conforme foi anunciado. Achamos que o Pedro Parente não tem condições de estar à frente da empresa, pois ele está colocando em cheque a própria estabilidade do país, na medida em que força a barra para manter os preços ‘na estratosfera’, ele está, inclusive, prejudicando a própria empresa”, afirmou.

O dirigente do Sindipetro-RJ explicou ainda que o preço praticado pela Petrobras está tão alto que permitiu à concorrência importar derivados, o que impactou na ociosidade das refinarias brasileiras. “Começaram a entrar outros atores no mercado e a gente perdeu uma fatia grande de mercado e tivemos que baixar a produção das nossas refinarias. Até do ponto de vista estritamente financeiro e empresarial essa política está equivocada. Achamos que o Estado tem um papel muito importante enquanto controlador da empresa e tem que garantir a soberania e a estabilidade econômica do país”, completou.

Com informações de CSP-Conlutas e SindipetroRJ.

Fonte: ANDES-SN

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