Nota da diretoria em apoio a greve dos caminhoneiros

29 de maio de 2018

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Nesta última semana o Brasil está acompanhando o movimento dos caminhoneiros paralisados e, ao que tudo indica, iniciou a paralisação dos serviços de forma organizada, seja por meio das associações, sindicatos, federações e até mesmo com apoio de entidades patronais. Parte do sucesso dessa paralisação que se efetivou de forma rápida e intensa em todo país se deve ao fato de, na prática, ser organizada de forma independente pelos locais de trabalho (ou locais de concentração das paralisações, as estradas brasileiras), e pela decisão de realizar piquetes, que limitaram a circulação e a efetivação do trabalho dos caminhoneiros, e consequentemente das mercadorias transportadas.

Os caminhoneiros, assim como qualquer trabalhador ou desempregado, e até mesmos os pequenos empresários (alguns em processo de assalariamento disfarçado), vêm sofrendo um pesado ataque do Estado Brasileiro, seja pelos cortes de direitos trabalhistas, seja pelo aumento da intensidade de trabalho, seja pela deterioração dos serviços públicos essenciais como transporte, saúde, educação e segurança. Por outro lado, também têm sofrido um pesado ataque dos grandes conglomerados empresariais e financeiros, seja por meio dessas instituições financeiras que impõem uma pesada carga de juros que sugam os escassos recursos dos trabalhadores, desempregados e pequenos empresários, ou ainda pela implementação da política de especulação de preços sobre a produção petrolífera.

Em torno desse descontentamento geral, da carestia de vida imposta pela crise econômica, e da deterioração das condições objetivas e subjetivas, as rodovias que os caminhoneiros fecharam abriram novamente a avenida de luta no Brasil. Uma avenida que foi parcialmente aberta em 2013, quando o movimento realizado nos centros urbanos reivindicava o não aumento do preço das passagens no transporte público. Assim como nessa semana, em 2013, o movimento também reivindicava a redução dos custos para a manutenção das condições de vida com uma pauta ligada aos transportes. Se antes a pauta estava ligada aos centros urbanos, agora ela se vincula também aos centros rurais, e por esse motivo é influenciada por reivindicações conservadoras, que mais beneficiam o empregador que o empregado.

As reivindicações do movimento desta semana aparecem como dispersas e sem uma direção. Mas por outro lado, revelam a insatisfação com a totalidade da política implementada pelo Estado Brasileiro a favor dos conjuntos empresarial e financeiro, que têm obtido lucros recordes, vide os lucros dos maiores bancos. Uma vez que a categoria dos caminhoneiros não está organizada de forma centralizada, e tem apresentado um breve histórico de lutas, algumas formas de organização são potencializadoras, como o fato de ser espontânea, direta e organizada nos inúmeros “locais de trabalho”. Mas, contraditoriamente, o fato de ainda não apresentarem formas organizativas democráticas e estruturadas pelos próprios locais e números de trabalhadores pode contribuir para a possibilidade do surgimento de oportunistas. Todo esse processo mostra como os trabalhadores e desempregados têm muito que aprender com caminhoneiros, e por outro lado, mostra que a luta dos caminhoneiros pode ser potencializada se conseguir estruturar formas organizativas democráticas, como assembleias e a criação de um comitê nacional de delegados, eleitos nos locais de concentração de paralisações.

Para que essa forma de organização se realize é necessário a nós, trabalhadoras e trabalhadores, desempregados e desempregadas, efetivarmos nossa auto-organização para apoiar o movimento dos caminhoneiros e, ao mesmo tempo, compartilharmos a luta nas estradas com a luta nas ruas das cidades.

Assim o que nos parece como imediato é incorporar a pauta dos caminhoneiros em nossa luta:

– Redução imediata dos preços dos combustíveis, impondo o fim do lucro sobre o petróleo do povo; que os empresários paguem a conta;

– Fora Temer e abaixo a Reforma Trabalhista, lei de terceirizações e pelo fim do congelamento nos investimentos sociais.

– Petrobrás 100% pública e estatal. Não ás privatizações e parcerias públicas.
– Em defesa da democracia. Ditadura nunca mais.
Fonte: APUFPR-SSind


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