Governo estadual usa força policial para acabar com a ocupação dos docentes da Uern

No início da noite de sexta-feira (24), a polícia militar do Rio Grande do Norte surpreendeu com bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta os docentes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) e os servidores da Saúde que ocupavam a Secretaria de Estado do Planejamento e Finanças (Seplan). A ocupação foi decorrente da falta de diálogo do governo do estado em relação à pauta das categorias, que pleiteiam o pagamento dos salários em atraso e um calendário que preveja os salários de novembro, dezembro e o 13º salário. Os docentes da Uern estão em greve desde o dia 10 de novembro. 

ocupação da Seplan teve início na última quarta-feira (22), após 10 dias de acampamento ao lado de fora do palácio do governo – sob condições precárias, sem autorização do uso dos banheiros dos prédios e sofrendo ataques psicológicos. Durante esse período, os servidores não receberam nenhuma proposta de pagamento dos salários atrasados, bem como um calendário de pagamento para os meses subsequentes.

Tanto o acampamento quanto a ocupação do prédio público fizeram parte do agenda de mobilização dos servidores para chamar a atenção da sociedade e do governo do estado do Rio Grande do Norte para os atrasos salariais. Para a maior parte dos servidores, a folha de outubro ainda não foi concluída e não há definição de quando será paga.

Na ação de reintegração de posse do prédio da Seplan, o juiz Bruno Lacerda Fernandes, da 3ª Vara da Fazenda Pública de Natal, atendendo a um pedido do governo do estado, deu duas horas para que o prédio fosse desocupado. Caso a determinação fosse desobedecida, o magistrado estabeleceu multa de R$ 1 mil para cada hora que os servidores grevistas passassem, a mais, dentro do prédio e também autorizou o uso de força policial contra os trabalhadores, o que ocorreu. 

Mobilização continua
Apesar da ação truculenta, orquestrada pelo governo estadual, Justiça e polícia militar do Rio Grande do Norte, as mobilizações do movimento grevista continuam, segundo Rivânia Moura, presidente da Associação dos Docentes da Uern (Aduern-Seção Sindical do ANDES-SN).

A presidente repudiou a ação da PM e afirmou que a luta não é apenas por salários, mas também por respeito aos servidores públicos. “Tenho muito orgulho de fazer parte desta categoria, que não se rende e vai a luta em defesa dos seus direitos. A nossa greve não acabou, ela continua mais forte e em unidade com os servidores do Sindsaúde. Sabemos exatamente o que significou a repressão policial [no dia 24], significou a desresponsabilização do governo com o próprio Estado, com a Saúde e Educação, e com os servidores públicos que, para este governo, não valem nada”, disse Rivânia, em vídeo publicado nas redes sociais, através do qual conclamou a categoria a participar do calendário de mobilizações.

Mais repressão
Nesta segunda-feira (27), durante um piquete realizado pela manhã, em unidade com os trabalhadores grevistas da Saúde e do Detran, os servidores foram alvos, novamente, da repressão policial. A professora da Uern, Janaina Dantas, que estava presente na manifestação, relata que o protesto teve início às 9h em frente ao Detran. Segundo ela, a PM chegou ao local e de forma truculenta tentou dispersar os manifestantes. Percebendo a resistência das categorias, os PMs partiram para a violência contra servidores, inclusive derrubando e imobilizando alguns deles. A ação policial foi filmada por manifestantes e mostra a agressão aos dirigentes do Sindsaúde, João Assunção e Rosália Fernandes, que foram detidos pela polícia.  A gravação também mostra a agressão aos docentes da Uern.

Na agenda de mobilização desta semana, ainda nesta segunda, os servidores grevistas se reúnem no começo da tarde na sede do Sindsaúde, em Natal, para decidir os próximos passos do movimento grevista. Na terça (28), os servidores se reúnem com o governo do estado no âmbito da Justiça. Na quinta (30), às 9h, haverá uma reunião com o reitor da Uern para tratar de assegurar a não demissão dos professores substitutos no dia 1° de dezembro, data que encerra os seus contratos.

* Com informações e imagens da Aduern SSind. e Agora RN

Fonte: ANDES-SN

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