Federal do Ceará já sofreu com problema semelhante ao de Palotina e Toledo

8 de agosto de 2017

universidade-federal-do-ceara-ranking-universidade-folhaUma onda de indignação tem se espalhado por todo o país desde que o deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) propôs a Emenda Aditiva à Medida Provisória 785/2017 para transformar a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) em Universidade Federal do Oeste do Paraná (UFOPR), incorporando o setor Palotina e o campus de Toledo da UFPR.

Porém esse tipo de medida não é novidade. Em 2013, docentes da Universidade Federal do Ceará (UFC) passaram por situação semelhante, quando um desmembramento deu origem à Universidade Federal do Cariri (UFCA).

Segundo relatos de docentes, o processo de criação da nova instituição foi contaminado por uma mistura de interesses políticos e pessoais, impulsionado internamente por pessoas que almejavam obter mais poder ao assumir a direção na nova universidade.

Esses interesses foram frustrados a partir do momento em que os recursos prometidos não chegaram e muitos docentes desistiram de fazer parte da nova instituição. A estrutura permaneceu deficitária pelos anos seguintes, gerando ainda mais frustrações para aqueles que ficaram.

De acordo com o professor do departamento de Jornalismo da UFCA Ricardo Rigaud Salmito, muitos recursos previstos na lei que tornou o desmembramento realidade ainda não chegaram na universidade.

“Com o tempo, os recursos vão diminuindo e as dificuldades orçamentarias aumentam. Grande parte do dinheiro não foi repassado e investido na UFCA. Além disso, em vários aspectos burocráticos, ainda dependemos muito da UFC, impossibilitando que a instituição alcance uma autonomia universitária plena. A transição aconteceu em um momento econômico delicado no país. Talvez, se tivesse se tornado realidade antes, os problemas gerados tivessem sido menores.”, ressaltou.

Autonomia

De acordo com o presidente da APUFPR-SSind, Herrmann Vinícius de Oliveira Muller, a proposta de Sérgio Souza é uma afronta ao princípio de autonomia universitária e a tudo aquilo que representa o conceito de universidade pública.

“Todo o processo está sendo feito sem nenhuma discussão com a comunidade que será diretamente afetada com as mudanças.  A proposta vem de setores que não se importam com a função social da instituição”, afirma o presidente.

Interesses reais

O deputado federal Sérgio Souza é presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados e um dos representantes da bancada ruralista.

Esta função deixa evidente suas reais intenções ao propor a extinção da Unila e a desconfiguração da UFPR, instituições que trabalham o ensino, a pesquisa e a extensão visando o desenvolvimento social, tecnológico e humanístico.

Para a APUFPR-SSind, a proposta acabaria com o projeto inovador da Unila para criar uma instituição tecnicista. “Isso rebaixaria a função educacional a uma mera formadora de mão de obra qualificada para a agroindústria, deixando de lado outras áreas que já estavam sendo desenvolvidas pela UFPR na região e que abrangiam outros setores do conhecimento e da sociedade, indo muito além do que deseja a bancada ruralista”, afirma o presidente da entidade.

 Além disso, para a APUFPR-SSind, a medida é um desrespeito à identidade acadêmica e científica da Unila, e do setor Palotina e do campus de Toledo da UFPR.

Fonte: APUFPR-SSind


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