Farra: EAD privado domina as formações de professores no Ensino Superior

17 de novembro de 2022
APUFPR - Farra ead

Balanço do Ministério da Educação (MEC) comprova o crescimento acelerado da modalidade de ensino à distância (EAD) no país. Entre 2011 e 2021, o número de novos alunos nos cursos superiores da graduação quadruplicou. No mesmo período, a quantidade de ingressantes em cursos presenciais diminuiu 23,4%.

Se, em 2011, os ingressos por meio de EaD correspondiam a 18,4% do total, em 2021, esse percentual chegou a 62,8%. Esse aumento é estarrecedor porque a expansão vem ocorrendo de forma descontrolada desde o golpe que levou Temer à Presidência em 2016, sem garantias de que os cursos estão sendo ofertados com qualidade.

Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC), em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, 4 de novembro.

O quadro geral é revelador. O censo da Educação Superior 2021 registrou 2.574 instituições nessa modalidade. Dessas, 87,68% (2.261) eram privadas e 12,2% (313), públicas. Nesse contexto, a rede privada ofertou 96,4% das vagas. Já a rede pública foi responsável por apenas 3,6% das ofertas. O número de matrículas também seguiu a tendência de crescimento dos últimos anos e chegou a mais de 8,9 milhões.

Nesse contexto, podemos dizer que a pandemia acelerou um processo que já estava em curso e impõe novos desafios e complexidades para a legislação e para a gestão dos modelos educacionais. Isso porque são milhões de professores e professoras sendo formados por meio de plataforma virtual, diante de um cenário de educação que ainda não está totalmente adaptado à era digital.

Atualmente, se considerarmos a formação de docentes, por meio de licenciaturas, por exemplo, mais de 60% dos professores graduados no país se formaram por meio de EAD. Das 1.648.328 matrículas na licenciatura, em 2021, 35,6% foram registradas em instituições públicas e 64,4%, em privadas.

 

Cada vez mais longe

Um dos objetivos dos cursos à distância é esvaziar os espaços de debates, troca de vivências e divergências que são proporcionados em sala de aula convencional.

São momentos como esses que ajudam a formar o pensamento analítico e crítico, que tanto incomoda as “elites” da sociedade que desejam que tudo sempre permaneça como está.

 

Tutto in famiglia

Importante lembrar que Beth Guedes, irmão do ministro da Economia, Paulo Guedes, é presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), entidade que representa os interesses do empresariado do setor. No apagar das luzes do atual governo, ela foi indicada pelo presidente Jair Bolsonaro para integrar o Conselho Nacional da Educação que tem, entre suas atribuições, a aprovação de novos cursos.

Esse debate é urgente porque os dados já demonstram que esse é um caminho sem volta. Nos últimos dez anos, a modalidade EaD teve um acréscimo de 23,3% (24,2% em instituições privadas), enquanto o ingresso em graduações presenciais reduziu 16,5%. O comparativo confirma a tendência de crescimento do ensino a distância ao longo do tempo. Em 2019, pela primeira vez na história, o número de ingressantes em EaD ultrapassou o de estudantes que iniciaram a graduação presencial, no caso das instituições privadas. Nessa rede de ensino, 70,5% dos estudantes, em 2021, ingressaram por meio de cursos remotos.

 

Fonte: APUFPR


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