Fabricando vilões: Gazeta do Povo culpa professores e defende privatização das universidades públicas

29 de janeiro de 2018

Vilão 2

A Gazeta do Povo publicou, na última quinta-feira (25), mais um ataque descarado às universidades públicas e, em especial, aos docentes universitários. Em matéria intitulada “De primeiro mundo: salário pago a professores estrangula contas de universidades públicas”, o portal alega que professores recebem “supersalários”, culpa a folha de pagamento pela crise financeira do ensino público e propõe abertamente a privatização das instituições federais.

Com essa publicação, a Gazeta, que recentemente optou por se alinhar a um ultraconservadorismo raso e desonesto, mostra que a campanha de demonização do ensino público gratuito está longe de acabar.

A argumentação da matéria se baseia em uma premissa falsa: a de que os professores recebem salários altíssimos, “privilégios” que estariam solapando a saúde financeira das universidades.

Além de comparar a remuneração dos docentes das instituições públicas com a dos educadores da iniciativa privada, o ex-jornal “denuncia” que a média salarial anual de um professor titular é superior ao que é pago na Noruega.

Sabe-se que a desonestidade intelectual tem imperado nas publicações da Gazeta e que, obviamente, tratar os fatos como eles são não é interesse desse grupo midiático e econômico. Mas a verdade precisa ser dita.

Uma rápida pesquisa sobre o perfil dos docentes da UFPR – procedimento que qualquer publicação com algum resquício de idoneidade deveria ser capaz de fazer – revela que os argumentos do blog reacionário não correspondem à realidade. Dados da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe) da UFPR mostram que apenas 194 dos 2581 professores da universidade são titulares, uma proporção quase risível frente à argumentação do portal.

A matéria também omite que docentes das universidades públicas são os maiores responsáveis pela pesquisa científica desenvolvida no país, um trabalho que deveria ser reconhecido, e não ignorado. A grande dedicação que os professores empregam em grupos de pesquisa e projetos de extensão tem retorno imediato à sociedade. Infelizmente, a sanha privatizadora do portal minimiza o protagonismo da categoria no desenvolvimento da Ciência e da sociedade.

É notável que a Gazeta do Povo está alinhada a interesses econômicos que pregam o fim da gratuidade do ensino público superior no Brasil a qualquer custo. Desde que abandonou o jornalismo para fazer militância política, a publicação nem se esforça para esconder de que lado está jogando. A matéria em questão termina com uma declaração do “economista” (blogueiro) Rodrigo Constantino – famoso propagador dos ideais ultraliberais e conhecido por publicar fake news – em defesa da privatização das universidades federais. De forma flagrantemente desrespeitosa, ele alega que as instituições públicas se transformaram em “cabide de emprego para militantes”.

Curiosamente, não há uma menção sequer aos recentes cortes no orçamento do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O único objetivo do portal é fabricar vilões para justificar a suposta urgência da privatização do ensino superior no país.

A APUFPR-SSind repudia a forma desrespeitosa e desonesta com que a Gazeta vem tratando a categoria dos professores universitários e segue lutando por um ensino público gratuito e de qualidade.

Fonte: APUFPR-SSind


BOLETIM ELETRÔNICO


REDES SOCIAIS