Estudantes da UFMT seguem em greve e Consepe suspende calendário da graduação

16 de maio de 2018

Os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) demonstraram mais uma vez a força do movimento contra as mudanças na política de alimentação e em defesa da universidade pública nessa segunda-feira (14). Com votação significativa, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) suspendeu o calendário de todos os cursos de graduação em todos os campi da instituição, com data retroativa a 20 de abril. Os cursos de pós-graduação e extensão seguem normalmente.

As atividades da graduação na UFMT estão paradas por conta das greves estudantis, deflagradas em diferentes momentos, a partir da rejeição à proposta apresentada pela reitoria. Além do aumento no valor da refeição no Restaurante Universitário (RU), a administração pretendia quebrar o caráter universal da política de alimentação, o que é considerado inaceitável tanto para os estudantes quanto para os docentes e técnicos-administrativos da universidade.

O movimento paredista teve início nos campi do Araguaia e Sinop no dia 20 do mês passado, seguido de Rondonópolis, Várzea Grande e, por último, no dia 8 de maio, no campus de Cuiabá, onde alguns cursos já haviam aderido à greve. As decisões tomadas coletivamente, em assembleias realizadas pelos Diretório Centrais dos Estudantes (DCE) de cada campi, se sobrepõem a eventuais decisões isoladas, já que os DCE’s são formados por representantes de todos os cursos, por meio dos Centros Acadêmicos.

Na reunião do Consepe dessa segunda-feira, a reitoria admitiu equívocos na condução do processo, e demonstrou preocupação com relação a intervenções externas nas negociações. “Na última semana presenciei duas situações drásticas: a PM [Polícia Militar] no campus a pedido de um professor contrário à ocupação, e um aluno, contrário à deliberação de assembleia do seu curso, solicitando na Justiça a reintegração de posse em todo o campus, responsabilizando uma colega de curso – que nesse momento preside o Centro Acadêmico -, e que encaminhou via e-mail a decisão de uma assembleia, assinando o documento. Muito triste presenciarmos isso em nossa instituição”, disse a reitora Myrian Serra, no início da reunião.

No sábado (12), a reitoria publicou uma nota no site da UFMT reivindicando a autonomia da universidade e a reitora, pessoalmente, se comprometeu a procurar o juiz que concedeu a reintegração de posse para tentar intermediar o caso.

Para o presidente da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN), Reginaldo Araújo, a reitoria deve retirar formalmente a proposta de aumento e estratificação dos estudantes. “Nesse momento, é preciso reconhecer que essa proposta não cabe e retirá-la de pauta de uma vez por todas. Se a reitora fizesse isso, seria mais fácil retomar a rotina e discutir outras formas de reduzir o valor da refeição, utilizando a cozinha da UFMT, por exemplo”, afirmou o docente.

Greve docente
Na tarde desta terça-feira (15),  os docentes da universidade discutem em assembleia a possibilidade de deflagração de greve da categoria em apoio aos estudantes e contra os cortes de recursos do ensino superior, que se intensificaram em 2014, reduzindo o orçamento a praticamente um terço do que a instituição recebia há quatro anos. Com a implementação da Emenda Constitucional 95/16, que congela os recursos por 20 anos, a tendência é que a situação fique ainda mais grave.

Apoio do ANDES-SN aos estudantes
Em nota divulgada nesta terça-feira (15), a diretoria nacional do ANDES-SN manifestou solidariedade  aos estudantes da UFMT, que estão em greve contra o aumento do valor do Restaurante Universitário, pauta que, de acordo com a direção do Sindicato Nacional, sintetiza um descontentamento da comunidade acadêmica com a privatização via terceirização e cortes de verbas na Universidade. “A Diretoria do ANDES-SN apoia a iniciativa do(a)s docentes que aprovaram greve em solidariedade à(o)s discentes e conclama a todo(a)s os professores e as professoras a participarem da assembleia de deflagração da greve”, diz a nota.

“A luta contra os cortes nas Universidades deve ser conjunta, de toda a comunidade acadêmica, e não deve servir de pretexto para a privatização e exclusão do(a)s trabalhadore(a)s. O ANDES-SN está na luta contra os cortes no orçamento das IES e IFE, e solidário à luta do(a)s estudantes que resistem bravamente na UFMT”, declara a diretoria do Sindicato Nacional. Leia aqui a íntegra do documento.

* Com edição e inclusão de informações por ANDES-SN

Fonte: ADUFMAT SSIND

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