Em troca de emendas parlamentares, deputados livram Temer de investigação

3 de agosto de 2017

apufpr-ssindO triste espetáculo da votação que decidiria o prosseguimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer terminou com o arquivamento do processo.

Eram necessários 172 votos para que o relatório do deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que defendia o arquivamento, fosse aprovado. Ao final da votação, o painel registrou 263 votos “sim”, 227 votos “não” – pelo prosseguimento da investigação no STF –, 19 ausências e 2 abstenções.

O PMDB foi o partido com o maior número de deputados que votaram pelo arquivamento do processo – foram 53 votos favoráveis e apenas 6 contrários. O PSDB, do relator, também apoiou (22 favoráveis e 21 contra). PP, DEM, PR, PRB, PSD e PTB despejaram votos a favor de Temer. Os nanicos da base governista também votaram majoritariamente em defesa do presidente.

Para tentar justificar suas posições, muitos parlamentares que votaram a favor de Michel Temer citaram a estabilidade e o crescimento econômico, realidade brasileira que só é vista por eles. E mesmo que estivéssemos em um crescimento econômico, os deputados que assim se manifestaram pareciam assumir a culpabilidade do presidente, mas, “pela economia”, estariam permitindo que ele continue no cargo.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego no Brasil em 2017 atingiu nível recorde, com taxa de 13,7%, atingindo 14,2 milhões de brasileiros. Vários entusiastas do mercado e analistas da grande mídia defendiam que, após o golpe, o país voltaria a crescer. Porém, após mais de um ano de governo Temer, o cenário é outro.

Compra de votos

A folga na votação ficou garantida depois que o governo abriu a torneira das emendas parlamentares. As denúncias de corrupção envolvendo Michel Temer o levaram a adotar uma estratégia agressiva para se manter no cargo: a negociação aberta de cargos e verbas, como raramente se viu no país.

As emendas parlamentares entraram no jogo. Na política, elas servem para que o deputado diga a seus eleitores que está sendo responsável por melhorias em suas cidades e estados. O objetivo é sempre o mesmo: garantir votos nas próximas eleições. Para os 513 parlamentares listados para votar, só em junho e julho de 2017 foram gastos R$ 729,3 milhões em emendas. Ainda há cerca de R$ 4 bilhões empenhados para atender a base de apoio.

De acordo com o presidente da APUFPR-SSind, Herrmann Vinícius de Oliveira Muller, esse cenário escancara ainda mais a face corrupta do atual governo, que possui ainda o maior índice de rejeição da história (5%) – equivalente apenas ao de Sarney em seu final de mandato.

“O arquivamento das denúncias foi mais um golpe contra o país. O afastamento de Michel Temer era o que a população esperava. Os parlamentares demonstraram ontem que não há limites quando querem defender seus próprios interesses”, afirma.

Fonte: APUFPR-SSind


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