Em Curitiba, ato reafirma que a ditadura militar é motivo de vergonha, não de celebração

Em de 31 de março, o Brasil deu uma resposta aos agrupamentos extremistas, políticos e autoridades que relativizam as atrocidades da ditadura militar ao sugerir a comemoração de um dos períodos mais sangrentos da história do país.

Milhares de pessoas foram às ruas em todo o país em atos contra o golpe de 1964. Em Curitiba, a APUFPR-SSind participou de uma grande caminhada pelo centro da cidade ao lado de centenas de pessoas denunciando os crimes do regime militar, que vigorou até 1985 no Brasil.

Trajeto passou por pontos de tortura e resistência

A concentração começou no início da tarde, na Praça 19 de Dezembro, e seguiu em caminhada por vários pontos da cidade que foram palco dos horrores da ditadura.

O grupo passou pela Praça Santos Andrade, que foi um local estratégico para a resistência durante o regime, sobretudo a partir de 1975, quando o movimento pela anistia começou a ganhar força. Nas escadarias do Prédio Histórico da UFPR, várias pessoas foram torturadas durante o período compartilharam suas experiências.

O ato também resgatou a memória de locais como o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário (CEU), onde muitos estudantes foram presos por volta de 1968 por tentarem se articular contra o autoritarismo e o moralismo exacerbado do regime; o ponto em que funcionava a Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS), na Rua João Negrão, que hoje abriga lojas; e a Praça Rui Barbosa, onde um quartel funcionava como centro de julgamentos e de torturas.

A mobilização relembrou o rastro de sangue, repressão e violência da ditadura, e que isso não pode ser apagado com uma tentativa de revisionismo histórico que tenta encontrar justificativas para algo que deveria estar consolidado como uma página vergonhosa da memória do país.

A ditadura foi um horror real e imutável, que está impresso tanto em locais da cidade pelos quais a população transita todos os dias, quanto no corpo e nas lembranças dos sobreviventes.

Para o docente da Universidade Federal do Acre (UFAC) Manoel Estébio Cavalcante da Cunha, que participou da manifestação, o protesto foi convocado para combater as mentiras que tentam amenizar os crimes gerados a partir do golpe de 1964.

“Esse ato se reveste de grande importância porque nós vivemos um momento bem esdrúxulo em que a memória das lutas é jogada na lata do lixo, e há uma tentativa de colocar os atos de vandalismo mais abjetos como sendo atos de heroísmo em favor da pátria. Todo ato que problematiza essa versão distorcida e desumana é importante”, afirmou Cunha.

Mobilização também teve manifestações culturais

A resposta ao presidente Jair Bolsonaro — que recomendou ao Ministério da Defesa a realização das “devidas homenagens” ao dia 31 de março de 1964, (apesar do golpe militar ter se consolidado em 1º de abril, data em que o então presidente João Goulart foi deposto pelas Forças Armadas) — também veio por meio de manifestações culturais.

Durante toda a tarde, participantes protestaram com músicas compostas durante o período do regime militar, declamação de poesias e com uma apresentação de Teatro do Oprimido, retratando a angústia dos torturados pelos militares.

“Esse é um ato de memória para que não se esqueça o que o Brasil viveu durante a ditadura civil-militar. Estamos aqui em respeito aos desaparecidos, em respeito aos torturados, em respeito aos mortos. Nós buscaremos lembrar sempre, para não esquecermos que barbárie não se comemora”, reforçou a docente Monica Ribeiro da Silva, do Departamento de Planejamento e Administração Escolar da UFPR.

Fonte: APUFPR-SSind

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