É dever de todos que defendem a Democracia combater duramente o golpismo de Bolsonaro

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Como acontece toda vez em que se sente acuado, o presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a fazer ameaças à Democracia e às eleições de 2022. Desta vez, aproveitando-se da audiência de uma emissora de rádio voltada a ouvintes extremistas, ele deu um passo adiante. Não chegou a afirmar que daria um ‘golpe’, mas só faltou usar essa palavra. As intimidações foram claras.

Acuado diante das crescentes provas de corrupção em seu governo, pelo derretimento de sua popularidade, por ter sido incluído no inquérito que investiga a organização criminosa responsável por disseminar fake news contra as instituições democráticas (em especial, contra o Supremo Tribunal Federal) e no inquérito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela disseminação constante de fake news sobre a segurança das eleições e das urnas, Bolsonaro proferiu novas mentiras e aumentou o tom de seus ataques: “o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição”.

Não é pouca coisa quando um presidente diz, em público, que irá agir fora dos limites da Constituição só porque discorda de uma decisão de uma corte superior.

Para o bem do Brasil, as intenções golpistas do presidente devem ser energicamente combatidas por todos os setores da sociedade que possuem compromisso com a Democracia. É o caso da APUFPR.

O artigo 4º do nosso Regimento Geral estabelece que uma de nossas finalidades é ‘amparar e defender as aspirações coletivas que levem à busca e concretização dos ideais democráticos’.

Por isso, a APUFPR se soma às inúmeras vozes vindas dos mais diversos setores da sociedade brasileira para garantir que os pilares da nossa jovem democracia não sejam demolidos por uma figura obscura da política brasileira, cuja única contribuição à sociedade é servir de exemplo daquilo que um ser humano não deve ser.

As declarações e ameaças, proferidas por um chefe de Estado que utiliza os recursos e as estruturas de seu governo para abalar as instituições democráticas, podem ter consequências concretas muito sérias. Frear o golpismo de Bolsonaro não é uma questão ideológica ou partidária, e sim um imperativo na defesa do Estado Democrático de Direito, do exercício da cidadania e do futuro do Brasil.

 

Escalada golpista

Jair Bolsonaro está cercado, acuado. O aumento de seus ataques às instituições e ao sistema eleitoral é reflexo do desespero de alguém que precisa do foro privilegiado e das relações de poder do cargo que ocupa. Sua reação é típica de quem tem medo. Ou medos.

Há motivos de sobra para sua prisão por crimes cometidos antes de sua posse (principalmente pelos esquemas de rachadinhas de salários em seu gabinete e nos de seus filhos – igualmente sob investigação) e durante sua gestão presidencial, seja por causa da condução propositadamente catastrófica da pandemia de Covid-19, que custou a vida de mais de 560 mil brasileiros, ou mesmo porque dentro de seu governo são operados esquemas de corrupção, especialmente envolvendo a compra superfaturada de vacinas. Além das já citadas investigações que correm no STF e no TSE.

Com o derretimento de sua popularidade, veio também a incerteza quanto à vitória nas eleições de 2022. Há meses, pesquisas apontam que ele seria derrotado em diversos cenários. Como um garoto mimado, Bolsonaro iniciou uma campanha para destruir a confiança pública no sistema eleitoral.

Em sua lógica, ou ele tem, de antemão, a garantia de que será reeleito, ou fará de tudo para deslegitimar todo o processo eleitoral, tirando sua validade caso outro candidato seja vitorioso.

Para isso, espalha paranoias, teorias conspiratórias e mentiras sobre a segurança das urnas eletrônicas, sem conseguir apresentar um único indício que confirme suas afirmações.

Ele espera que seus delírios encontrem mentes delirantes – já forjadas em bolhas de informação capazes de criar uma percepção paralela da realidade – e façam de tudo para que ele continue no poder.

Se tudo der errado, ele espera que essas mesmas pessoas rompam com o tecido social e tentem ajudá-lo a tomar o poder à força. Para isso, precisa que as instituições de Estado estejam abaladas e enfraquecidas. Por isso, realiza tantos ataques aos órgãos que costumam tolher seus intentos antidemocráticos e inconstitucionais, como as cortes supremas (como o STF e o TSE) vêm fazendo.

Uma pesquisa recente do Datafolha mostrou que a maioria da população considera Jair Bolsonaro despreparado, desonesto, indeciso, incompetente, falso, pouco inteligente e autoritário. Ele é tudo isso. Mas é também perigoso.

Buscando animar sua base de seguidores, cada vez menor (aos poucos, vão sobrando apenas os mais radicalizados), o presidente passou a afagar até os mais extremistas. Por isso, encontrou-se com uma deputada alemã neonazista.

É uma estratégia idêntica à utilizada por Donald Trump em seus últimos birrentos dias como presidente dos Estados Unidos. Por isso, Bolsonaro aposta no armamento da população, editando normas para facilitar o acesso às armas e munições (em dois anos, ele dobrou a quantidade de armas nas mãos de civis), enquanto reduz os mecanismos de controle e rastreamento.

Ao ser derrotado, Trump questionou o sistema eleitoral de lá (onde o voto é impresso e as eleições demoram dias para chegar a um resultado final), enquanto Bolsonaro finge que faz o inverso por aqui (onde ele foi eleito deputado federal diversas vezes por votações em urnas eletrônicas), porque precisa de qualquer argumento para questionar a validade do resultado, caso seja derrotado.

A escalada golpista nos Estados Unidos levou à tentativa de invasão do Capitólio (equivalente ao nosso Congresso Nacional) em janeiro de 2021, quando 5 extremistas morreram. Posteriormente, quatro policiais envolvidos na resistência se suicidaram por causa dos danos psicológicos daquele dia.

Lá, as Forças Armadas tiveram papel importante para frear o golpe. Já aqui, Bolsonaro afaga militares com proteções, medalhas, enormes aumentos salariais, muitos cargos e benesses, tentando cooptá-los para que sejam seu braço repressor país afora.

 

Basta de ameaças

Os inquéritos do TSE e do STF são necessários e precisam ser levados às últimas consequências: a responsabilização penal do presidente e de todos aqueles que participam de suas articulações inconstitucionais e golpistas, para que não restem dúvidas de que as instituições agem para preservar a Democracia e defender a nossa Constituição.

Mas não são suficientes. Não basta esperarmos sentados pela Justiça, ou que o chamado Centrão deixe de vender sua proteção ao presidente. É urgente que todos os brasileiros comprometidos com a Democracia se unam e atuem em defesa das bases mais importantes do nosso país.

Não é hora de recuar nem diante das ameaças daqueles que, no passado, já ajudaram a sufocar a nossa Democracia.

 

Diretoria da APUFPR

5 de agosto de 2021

 

FONTE: APUFPR


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