Docentes universitários do Reino Unido estão em greve em defesa das aposentadorias

Oimp-ult-1935491469s docentes das universidades do Reino Unido estão em greve contra uma proposta de modificação no seu sistema de aposentadorias. A paralisação, organizada pelo Sindicato dos Docentes de Universidades e Faculdades (UCU, em inglês), é considerada a maior da história da categoria.

O UCU organizou, nessa quarta-feira (28), uma marcha em defesa da educação e das aposentadorias. Milhares de pessoas enfrentaram a neve e o forte frio e saíram às ruas de Londres, capital do Reino Unido, para protestar. Houve manifestações menores em outras cidades, como Liverpool, Manchester e Southampton.

A UUK, organização que representa as principais universidades do Reino Unido, tem procurado alterar o esquema de aposentadorias do setor. O sistema deixaria de ser organizado a partir de valores a serem pagos aos professores que se aposentam e passaria para um modelo que se limitaria a ‘guardar’, ‘investir’ e ‘devolver’ quantias depositadas pelos professores e instituições quando da aposentadoria. O sistema proposto se assemelha aos esquemas de pensões e aposentadorias de fundo privado ou público que têm sido implantados, desde a década de 1980, sem sucesso, por governos neoliberais ao redor do mundo.

É o que conta Billy Graeff, docente da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), que viveu quatro anos no Reino Unido lecionando em Loughborough e militando no UCU. “O UCU tem demonstrado que o atual sistema funciona. As projeções feitas pelo sindicato demonstram inclusive que as previsões são otimistas. Entretanto, a UUK defende que há um déficit de cerca de 6 bilhões de Libras Esterlinas (R$ 27 bi). Estes valores têm sido contestados por lideranças politicas no Reino Unido. Os professores avaliam que a mudança, caso seja implantada e funcione, significaria uma diminuição de em torno de 10 mil Libras Esterlinas (R$ 45 mil) nos valores médios recebidos ao longo da aposentadoria”, afirma Billy.

“A greve dos docentes das IES britânicas em 2018 é expressão indubitável de que as ferramentas de luta do século XXI mudaram, mas que em última análise a greve ainda é o instrumento mais eficaz dos trabalhadores em suas pelejas. Estudantes têm se unido aos professores e a greve pode vir a alavancar um processo ainda mais profundo de discussão, que pode levar ao debate aberto na sociedade britânica em relação ao elevado custo do ensino superior e ao endividamento de toda uma geração de jovens trabalhadores”, completa o docente da Furg.

Billy ressalta que, desde 1998, há outro grande problema na educação superior do Reino Unido: a cobrança de mensalidades, instituídas pelo então Primeiro Ministro trabalhista, Tony Blair, e que hoje podem chegar a 9 mil libras anuais (cerca de R$ 40 mil). “É consenso que parte importante dos custos das universidades britânicas são cobertos pelos pagamentos feitos por estudantes internacionais. A greve ameaça a percepção de que as universidades do Reino Unido sejam uma ilha de perfeição em meio ao ataque neoliberal à educação como um todo, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. Talvez por isso, diversos reitores já tenham se manifestado a favor de abertura de negociações imediatas. Importante também para que se entenda o cenário, é reconhecer que a estratificação social no contexto das universidades britânicas mudou muito nos últimos vinte anos”, analisa.

Aposentados também protestam na Espanha
Na última quinta-feira (22), milhares de aposentados espanhóis protestaram exigindo aposentadorias dignas. Na capital Madrid, os manifestantes chegaram a bloquear a entrada do Congresso por três horas. Cidades como Barcelona, Bilbao, Valencia, Valladolid, Zaragoza, Pamplona e La Coruña também tiveram atos. Os aposentados espanhóis exigem reajuste nas aposentadorias de acordo com a inflação, para que seu já pequeno poder de compra não seja ainda mais diminuído.

Fonte: ANDES-SN


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