Direção do campus Jataí da UFG pede remoção da sede da Seção Sindical

A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Goiás – Campus Avançado de Jataí (AdCAJ), do ANDES-SN, está sendo pressionada a desocupar a sala que abriga a entidade no campus da UFG/Jataí. Tal medida está sendo levada a cabo pelo diretor da Regional Jataí da UFG, Alessandro Martins, que enviou um ofício, no dia 25 de abril, à AdCAJ -SSind para que a seção sindical desocupe a sala da instituição em até 30 dias, contando a data do envio do documento.

O pedido de desocupação da sala ocorreu alguns dias após denúncia feita pela Associação dos Docentes da UFG ao Procurador-chefe da República do Estado de Goiás, Marcello Santiago Wolff, e ao procurador da República de Rio Verde (GO), Sério de Almeida Cipriano, alegando que a seção sindical do ANDES-SN atua de forma ilegal como representante dos docentes e ocupando um espaço no interior da universidade.

Segundo Eva Aparecida de Oliveira, vice-presidente da AdCAJ –SSind. e 2º tesoureira da Regional Planalto do ANDES-SN, a medida tem motivações políticas, uma vez que a seção sindical atua à frente de diversas mobilizações e ações, tanto em defesa dos docentes quanto de pautas mais amplas da luta da classe trabalhadora. Eva conta que a Adcaj SSind existe há 21 anos no mesmo local e sua permanência dentro do campus nunca havia sido questionada antes. “Eles deram 30 dias para desocupar contando da data da entrega do ofício. Eles acham que saindo do campus, não teremos como existir”, disse.

Eva lembra que a seção sindical tem um histórico de lutas dentro da universidade. “Na época em que não tinha nenhum professor federal, que Goiânia [campus da UFG] ganhava todas as vagas do MEC e não enviava para cá, quem dava aula eram os terceirizados pela Fundação Educacional. Nessa época, a Adufg não quis nos acolher porque diziam que não éramos docentes da UFG. Quem nos acolheu foi o ANDES-SN, isso no final da década de 90. A gente lutou muito, porque ficávamos meses sem receber salário. Por isso, tem toda uma história de luta que foi construída, com o apoio do ANDES-SN”, contou.

“Existe até um debate de emancipar os campi de Catalão e Jataí da UFG, e, inclusive, tem um projeto tramitando no Congresso Nacional, para que esses campi se tornarem universidades independentes da UFG”, completou.

A diretora da AdCAJ SSind. informou que a seção sindical já está sendo assessorada pelo jurídico da Regional Planalto e que irá se reunir com os docentes filiados nos próximos dias, para decidir conjuntamente a melhor solução. As aulas foram retomadas no dia 3 de maio, após recesso de férias.

Perseguição não é novidade
Outras entidades ativas na luta em defesa dos trabalhadores também foram perseguidas recentemente por reitorias de instituições de ensino superior públicas. É o caso da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Adunirio Seção Sindical do ANDES-SN), que no início do ano recebeu ordem de despejo por parte da reitoria da instituição, que não quis renovar o termo de permissão do uso do espaço da sede, que a associação ocupa, há mais de 30 anos, no Centro de Ciências Jurídicas e Políticas (CCJP) da Unirio.

Na época, o reitor Luiz Pedro San Gil Jutuca justificou a remoção da sede da seção sindical do ANDES-SN da Unirio devido à demanda dos cursos de pós-graduação do CCJP por mais espaço e alegou que não há possibilidade de reacomodação em nenhuma das unidades acadêmicas da universidade.

Em abril, a Adunirio SSind. se reuniu com a procuradoria geral da universidade para buscar uma solução para a solicitação do reitor Jutuca de desalojamento da seção sindical. O procurador informou que a iniciativa de buscar uma conversa com a seção sindical partiu da própria procuradoria, como forma de tentar uma mediação antes de judicializar um processo de despejo, solicitado pela reitoria, através da abertura de um procedimento administrativo, no dia 24 de março, sob o título “Desapropriação. Reintegração de posse. Reivindicação”.

Sintusp
Em 2016, o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp) também recebeu uma ordem de desocupação da sede na qual estava há mais de três décadas sem a apresentação de qualquer justificativa por parte da reitoria. Após meses de tentativas por parte da reitoria de realizar o despejo, em janeiro de 2017 a administração da USP construiu uma grade que separa o Sintusp do restante da universidade, e mantém policiamento permanente em frente ao sindicato.

O Sintusp divide um prédio na USP com o Centro Acadêmico de Comunicação e Artes, com uma atlética, e com um restaurante. Até o momento, os trabalhadores da USP resistem à essa e outras perseguições.

Sintuff
No dia 2 de julho de 2016, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense (Sintuff) foi expulso de sua sede na UFF por uma ordem de despejo apresentada pela Polícia Federal, por solicitação do reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Sidney Mello.

A operação, com muitos policiais, começou nas primeiras horas da manhã. Os móveis e objetos da sede foram retirados e colocados em um caminhão de mudanças. Os dirigentes do sindicato foram proibidos pela polícia de entrar na sede. A Reitoria alegou que cumpre decisão judicial – que só existe porque o reitor decidiu seguir adiante com a sua intenção de desalojar o sindicato.

O Sintuff possui outra sede, própria, mas a retirada da entidade das dependências da universidade – o que é tradição de décadas na maioria das universidades federais e mesmo estaduais do país -,foi um ato singular e de repercussão nacional. Nem o interventor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no governo de Fernando Henrique Cardoso, na década de 1990, chegou a tanto.

O movimento sindical identifica nesses casos uma tentativa de criminalizar movimentos de luta e enfraquecer a resistência às atuais ofensivas contra as retiradas de direitos. O ANDES-SN repudia essas ações, bem como a perseguição política sofrida por docentes, técnico-administrativos e estudantes nas IES.

Fonte: ANDES-SN


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