Desigualdade de gênero: o trabalho mental invisível realizado pela mulheres

29 de maio de 2019

Um pé no futuro e outro no passado. Em 2019, essa é a posição da mulher brasileira: ainda que os avanços em relação aos direitos sejam inegáveis, diversos aspectos precisam evoluir para que a igualdade de gênero seja de fato alcançada. Em outras palavras, significa dizer que a vida das mulheres brasileiras é marcada pela ambivalência de um cenário ao mesmo tempo otimista e desigual.

Otimista porque as mulheres conquistaram, com muita mobilização, mais espaço na sociedade. O direito de trabalhar, de estudar, de votar e de chefiar casas e empresas, por exemplo, não foi concedido facilmente. Ele é fruto de anos de contestação e conscientização sobre as injustiças que acometem as mulheres no mundo todo.

Não há dúvidas de que, hoje, o protagonismo feminino é realidade em diversos âmbitos da sociedade. Por outro lado, o cenário também é desafiador: a desigualdade no mercado de trabalho continua atingindo a população feminina.

Para a mulher professora, por exemplo, as horas em sala de aula, a dedicação com a produção acadêmica e as tarefas administrativas relacionadas à profissão se somam ao desgaste provocado por afazeres que, até hoje, são considerados femininos. O lado positivo é que as mulheres estão cada vez mais conscientes de seu papel e da importância de dar nome às desigualdades.

Disparidade no lar

Os cuidados com a casa e com a maternidade são dois pontos em que as brasileiras seguem sendo sobrecarregadas. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), do IBGE, identificou que 93% das mulheres realizam algum tipo de atividade doméstica não remunerada, enquanto o índice entre os homens é de 79%.

Os números dão conta de expor o cenário de sobrecarga das mulheres, porém existe um trabalho invisível difícil de mensurar e que é, na maioria dos casos, executado por elas. Por muito tempo, ele foi ainda mais invisível porque a sociedade não valoriza o trabalho doméstico. Nos últimos anos, esse ofício pouco visto finalmente ganhou um nome.

Carga mental

Recentemente, ganhou destaque o termo “carga mental”. Trata-se do trabalho de planejamento e organização das decisões relacionadas à casa, que geralmente é atribuído às mulheres. A execução das tarefas podem até ser divididas com os maridos, como de fato são em alguns casos, mas o cansaço mental de organizá-las e viabilizá-las é, na maioria dos casos, das mulheres.

Do planejamento à execução do funcionamento da casa, as mulheres são culturalmente impelidas a se comportarem de maneira proativa. O problema é quando esse trabalho ininterrupto de pensar no que precisa ser feito ultrapassa a proatividade e vira carga mental.

Nesse sentido, nomear os problemas é o primeiro – e talvez o mais importante – passo para a sua resolução. A desigualdade precisa ser primeiro identificada para depois ser combatida. As mulheres estão conquistando seu lugar na sociedade, mas continuam reféns de uma cultura que insiste em atribuir-lhes um trabalho invisível. A solução continua sendo a mesma: a conscientização social.

Fonte: APUFPR-SSind


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