Deliberações do CONAD comprovam que o ANDES-SN precisa se renovar (urgentemente)

7 de outubro de 2020
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A APUFPR participou de 28 a 30 de setembro do 9º Conselho Nacional de Associações de Docentes (CONAD) Extraordinário, organizado pelo ANDES-SN.

As decisões tomadas no evento, que foi online, mostram que o Sindicato Nacional precisa mudar urgentemente de rumo, se quiser continuar sendo uma entidade relevante na defesa dos professores e da Educação.

A Reforma Administrativa, as precariedades do ensino remoto para docentes e estudantes e a eleição para a diretoria do ANDES-SN (você não pode deixar de ler sobre isso!) foram os principais temas. Confira a seguir:

 

Reforma Administrativa

Além de ser o último dia do CONAD, 30 de setembro ficou marcado por ser o Dia Nacional de Luta contra a Reforma Administrativa. A APUFPR participou de protestos simbólicos nas redes sociais e também nas ruas (seguindo os protocolos de proteção contra a Covid-19), quando também defendeu a democracia universitária na UFPR.

A participação dos docentes nas atividades contra a Reforma poderia ter sido muito mais ativa. Contudo, a diretoria do ANDES-SN e seus apoiadores foram contra o encurtamento do CONAD para que os professores pudessem se mobilizar, ainda que simbolicamente.

Optaram por longas e nem sempre produtivas discussões em vez de priorizar a mobilização, num burocratismo sindical que mais serve para preservar o ego de lideranças do que produzir mudança efetiva na realidade, reproduzindo um tipo de prática que cada vez mais afasta docentes da luta.

A justificativa dada pela direção do Sindicato Nacional foi de que já haviam participado da construção do Dia Nacional de Luta e que a ausência dos participantes não seria tão sentida.

Errado. A categoria é uma das mais representativas do país e, portanto, é uma das mais afetadas pela Reforma Administrativa. Além disso, ninguém apanhou tanto do governo atual como os docentes universitários.

Além da PEC 32/2020 tirar direitos duramente conquistados, como a estabilidade, salários e condições de trabalho, irá promover uma “balbúrdia” ideológica, facilitando a perseguição contra docentes por motivos políticos  e ideológicos, patrocinadas por figuras que não se interessam nem um pouco em serviços básicos eficientes e gratuitos ao povo, muito menos por uma educação crítica e libertadora.

 

Ensino Remoto

A atual diretoria do ANDES-SN e seus apoiadores se posicionaram de forma contraria a qualquer possibilidade de se reivindicar políticas e direitos para minimizar os impactos da pandemia e do ensino remoto sobre os docentes durante a situação emergencial causada pela pandemia.

Por conta disso, o debate se limitou. Para eles, o simples fato de discutir o tema seria uma forma de legitimar o teletrabalho. Por isso, fincaram pé em uma posição dogmática, cuja falta de sensibilidade com a realidade concreta em nada contribui para minimizar os riscos e prejuízos de docentes, quando muitos docentes estão trabalhando de forma remota justamente por ser um contexto emergencial. Fugir da realidade não fará essa realidade ir embora.

Desta forma, em vez de o CONAD promover um debate amplo sobre as precariedades do ensino remoto e como transformá-lo de maneira que o trabalho dos docentes não seja precário, o tema simplesmente foi evitado.

Os professores estão passando por muitas dificuldades geradas pelo ensino remoto, como a imposição de custos que deveriam ser arcados pelos governos (internet, energia elétrica e equipamentos de informática, por exemplo).

Como a diretoria do Sindicato Nacional e seus apoiadores barraram a discussão, não foi possível debater também como reduzir os prejuízos aos alunos que sofrem com a desigualdade de acesso a condições mínimas estruturais, que os impede de receber educação de qualidade remotamente.

Lamentavelmente, o grupo que dirige o ANDES-SN tem uma visão limitada da questão. Para eles, a luta pela redução de desigualdades entre os alunos não passa pelo movimento dos docentes, e deve ficar restrita aos espaços do movimento estudantil.

 

Processo eleitoral

Aí veio a decisão mais absurda (ou bizarra). A direção do ANDES-SN e seus apoiadores foram contra a realização de um processo eleitoral que permitisse ampla participação dos docentes e fosse menos burocratizado. Por 26 votos a 23 (com 9 abstenções), foi aprovada a votação telepresencial, determinando que os docentes terão de se apresentar em uma sala virtual, com seus documentos, onde realizarão uma espécie de “prova de vida”, para só então receberem um link para votação.

Dá para imaginar o tamanho da fila de espera e o quanto isso irá esvaziar o processo eleitoral (ao que parece, esse é o objetivo da direção atual do Sindicato Nacional e de seus apoiadores).

Além disso, ficou decidido que a escolha da nova diretoria do ANDES-SN irá acontecer entre 3 e 6 de novembro, enquanto ocorrem as eleições municipais. A APUFPR e outras entidades foram contra e propuseram que a eleição fosse feita após este período.

O método e a data escolhida para o processo eleitoral do Sindicato Nacional limitam a democracia. Além de não permitir que um número mais amplo de docentes possam exercer seu voto, a realização da consulta no meio das eleições municipais não contribui com um debate amplo sobre as propostas e o futuro da categoria.

 

Renovação urgente

O posicionamento da diretoria do ANDES-SN em todas essas pautas mostra que a entidade precisa de uma renovação urgente. É inaceitável que uma entidade nacional de tamanha importância esteja tão descolada da realidade dos docentes e da sociedade. Assim como é inadmissível que criem barreiras para que nossa categoria participe ativamente da defesa dos seus direitos e do processo eleitoral da entidade.

A APUFPR reforça a necessidade de uma mudança séria de posicionamento, para que a postura do ANDES-SN seja condizente com a atual circunstância vivida por docentes e estudantes: um cenário de perda de direitos, de precarização do trabalho e desigualdade no ensino.

É perigoso quando sonho utópico de um grupo acaba se transformando em um sonho distópico. Essa é a “realidade” do ANDES-SN atualmente.

 

Fonte: APUFPR


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