Cortes na Educação levam a desilusão e desistências nas universidades

7 de julho de 2022
APUFPR-Cortes na Educação levam a desilusão e desistências nas universidades SITE-destacada

As universidades públicas brasileiras e, em especial, seus cursos de pós-graduação, são o principal espaço de desenvolvimento e fomento da pesquisa científica no país.

Isso não tem impedido, no entanto, que o governo de Jair Bolsonaro promova sucessivos cortes no orçamento da área, levando a um cenário de desilusão e desistência entre pesquisadores que poderiam estar colaborando com o futuro do Brasil.

 

Os impactos dos cortes

Entre 2012 e 2021, as verbas para pesquisas sofreram uma redução de 84%, com o orçamento caindo drasticamente de R$ 11,5 bilhões para R$ 1,8 bilhão, em valores atualizados pela inflação.

Com isso, pesquisadores e cientistas têm que enfrentar problemas como a falta de estabilidade, em contratos cada vez mais curtos, precarização cada vez maior do trabalho dos professores, salários defasados, excesso de tarefas administrativas, discriminação e falta de políticas de permanência.

Os valores das bolsas de mestrado e doutorado na Capes e no CNPQ, órgãos responsáveis pelo fomento à pesquisa ao Brasil, completaram, em 2022, nove anos sem reajuste.

Na prática, isso significa que desde 2013 as bolsas sofreram uma defasagem de 66,6% por causa da inflação no período.

O número de bolsas oferecidas pelo CNPQ chegou a ultrapassar 100 mil no auge do programa Ciência sem Fronteiras, entre 2014 e 2015, mas desde 2017 não passa de 80 mil. A Capes teve redução de ao menos 8 mil bolsas apenas em 2020.

A porcentagem de estudantes de doutorado que recebem bolsas da Capes caiu de 42% do total de estudantes, em 2015, para 36% em 2020. No pós-doutorado, o número de bolsas fornecidas pela Capes e pelo CNPq em 2020 foi 35% menor do que em 2015, mesmo que o número de doutores tenha crescido 35% no mesmo período.

 

Redução de novos estudantes nas universidades públicas

Como consequência desse ambiente de falta de estímulos e recursos, vemos tanto uma diminuição de estudantes nas universidades públicas (em 2021, houve redução de matrículas pela primeira vez desde 1990) como a chamada “fuga de cérebros”, ou seja, o aumento do número de pesquisadores e cientistas brasileiros que vão trabalhar fora do país em busca de oportunidades que não encontram por aqui.

Dados indicam que, apenas para os Estados Unidos, o número de trabalhadores brasileiros altamente qualificados que emigraram procurando trabalho aumentou 40% durante o governo Bolsonaro.

As universidades públicas brasileiras tiveram redução de 18,8% no número de estudantes que concluíram seus cursos de graduação, além de queda de 5,8% de ingressantes em 2020, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Desde 2017, a queda acumulada é de 10,7% no número de ingressantes nas universidades públicas, enquanto, no mesmo período (e não por coincidência), o número de estudantes na rede privada cresceu 22,8%.

Enquanto o governo Bolsonaro chega inicia seu último semestre de gestão com baixíssima popularidade, a Ciência e a Educação brasileiras lutam para sobreviver.

 

Fonte: APUFPR


BOLETIM ELETRÔNICO


REDES SOCIAIS