Cortes ampliados, conhecimentos limitados

27 de setembro de 2019
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Na APUFPR, as últimas terças-feiras de cada mês são dedicadas aos docentes aposentados da UFPR. Nos encontros, são debatidos temas centrais ao segmento e à sociedade, buscando a reflexão sobre soluções aos desafios que a categoria e a universidade enfrentam.

A reunião de aposentados de setembro foi realizada na terça-feira (24). Os docentes tiveram a oportunidade de debater os impactos do abrangente corte de bolsas implementado pelo Ministério da Educação (MEC) e sua consequência na formação de recursos humanos e na geração do saber.

O tema foi conduzido pelo coordenador do Laboratório de Neurofisiologia da UFPR, Marcelo de Meira Santos Lima, professor do Departamento de Fisiologia. Com dez anos de atuação na universidade, o professor destaca-se também como pesquisador.

Durante a contextualização do tema, Lima apresentou dados do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG), levantados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), sobre as atividades de pós-graduação realizadas na última década.

O pesquisador apontou o surgimento, em 2008, de uma nítida política de expansão na área de pós-graduação, ainda no governo Lula. Desde então, o Brasil conheceu um progressivo aumento do número de cursos de pós-graduação e de alunos titulados. Em dez anos, a Região Sul elevou em 77% o total de programas na área – acompanhando o crescimento do contingente intelectual que se desenvolvia por todo o país.

Em âmbito mundial, o Brasil ocupa a 13ª posição em produção científica – acima da Holanda, Rússia e Suíça, por exemplo, e logo abaixo da Coreia do Sul. Segundo o professor, não é uma colocação ruim, mas pode piorar se o governo Bolsonaro continuar cortando bolsas e investimentos: “Os resultados que aparecem hoje não correspondem a financiamentos atuais. São investimentos de anos atrás, até mesmo da década passada, quando estávamos sob outro Governo Federal”, ressaltou.

Outra questão interessante são as colaborações entre universidades e indústrias: “Os artigos publicados por áreas de pós-graduação têm, em geral, um coautor da ciência e um da indústria, sendo 90% deles com a participação de universidades públicas”, apontou Marcelo.

Conforme a discussão avançou, os aposentados debateram sobre os perigos que hoje ameaçam as universidades federais. O governo Bolsonaro não apresentou nenhuma medida que contemple a raiz dos problemas reais do ensino superior público. Pelo contrário, cria projetos que colocam em risco a função social das instituições e ainda prometem uma realidade já presente, como as parcerias público-privadas.

Este é um momento, portanto, de levar ao conhecimento da população tudo aquilo que as universidades federais representam para a sociedade, os avanços que elas proporcionam, os benefícios imensuráveis, e aproximar as pessoas da luta em defesa da educação.

Afinal, ao que tudo indica, o ministro da Educação continuará tentando colar nas universidades a pecha de espaços próprios para balbúrdias e regalias – o que em nada representa o dia a dia acadêmico.

Há, na verdade, muito trabalho e produção de conhecimento voltado sempre para o desenvolvimento econômico e social do país. É papel de cada um levar essa mensagem à comunidade.


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