
A diretoria da APUFPR participou do 66º Conselho do ANDES (Conad), realizado de sexta-feira (14) a domingo (16) em Campina Grande-PB, com o tema central “Na reorganização da classe com inspiração nas lutas e culturas populares”. O Conad foi um evento deliberativo para atualizar o plano de lutas aprovado no 41º Congresso e apreciar a prestação de contas das despesas do Sindicato Nacional no último período.
Nova direção questionada
Na abertura, foi dada posse à nova diretoria do ANDES, eleita em maio em um processo marcado pelo uso da máquina da entidade nacional pelo grupo que dirige o sindicato há quase 20 anos.
O Fórum Renova ANDES, principal coletivo de oposição à direção do Sindicato Nacional, não participou da posse, em protesto contra a falta de condução democrática do processo eleitoral e pelo casuísmo (como a fixação do universo de votantes só após a inscrição das chapas, a exclusão de universidades nas quais a oposição teria potencialmente mais votos, inclusive na instituição na qual o novo presidente leciona, mas não pôde ser votado, entre outros absurdos já relatados aqui).
Repetir os mesmos erros
O debate sobre conjuntura foi particularmente revelador, ao mostrar que as alas radicais do movimento docente parecem não ter aprendido nada com a história recente do Brasil, marcada pelo avanço do projeto autoritário, anticivilizatório e de cunho extremista, capitaneado pelo agora inelegível Jair Bolsonaro a partir do golpe dado por Michel Temer com apoio da velha imprensa e das camadas mais ricas da sociedade.
São os mesmos grupos que, no passado, encontraram eco na posição do “fora todos” que o grupo majoritário no ANDES adotava até o golpe que derrubou Dilma Rousseff em 2016, e que ajudaram a extrema-direita a crescer no país com o discurso oportunista de deslegitimação da política.
Também ficou evidente que o grupo que controla o ANDES continua fazendo uma leitura equivocada da situação política do país, repetindo os mesmos discursos descolados da realidade dos professores universitários, com ideias e práticas sectárias, isolacionistas e demagógicas, voltadas apenas para animar a militância, mas que continuarão causando, cada vez mais, afastamento dos docentes em relação ao Sindicato Nacional.
Em suas intervenções durante o Conad, a presidente da APUFPR, Andrea Stinghen, foi enfática ao afirmar que o movimento docente nacional e o ANDES não podem cometer os mesmos erros do passado, e que é preciso disputar os rumos do governo e aproveitar a oportunidade histórica para que as universidades possam voltar a avançar, como ocorreu no passado, antes do golpe de 2016
Plano de lutas
A plenária final do CONAD atualizou o plano de lutas da categoria, com a retomada da Frente Escola Sem Mordaça; a busca por rearticular a Conedepe para iniciar a construção do IV Encontro Nacional de Educação (IV-ENE); a realização de uma campanha de valorização dos trabalhadores da educação, intensificação da luta pelo fim da lista tríplice, apoio à Auditoria Cidadã da Dívida, entre outras deliberações.
Fonte:Apufpr