Começa o 36º Congresso do ANDES-SN em Cuiabá

24 de janeiro de 2017

16195517_1567882776560410_6036628604977656861_nTiveram lugar, na manhã desta segunda-feira (23), as mesas de aberturas e instalação do 36º Congresso do ANDES-SN, que acontece em Cuiabá (MT) até sábado (28). Até o momento 471 docentes, de todo o Brasil, entre delegados, observadores, de 70 seções sindicais, diretores nacionais e convidados, se deslocaram até a capital mato-grossense, centro geodésico do continente, para debater e deliberar as ações do ANDES-SN para o ano de 2017.

O 36º Congresso do ANDES-SN, instância máxima do Sindicato Nacional, tem como tema “Em defesa da educação pública e contra a agenda regressiva de retirada dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras” e é organizado em conjunto com Associação dos Docentes da Universidade Federal do Mato Grosso (Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN). Essa é a terceira vez que a capital mato-grossense recebe um congresso do Sindicato Nacional. Em 1992, Cuiabá sediou o 11º Congresso, e, em 2006, a 25ª edição do evento. A cidade também recebeu o 10º Conad do ANDES-SN, em 1984.

Antes do início da mesa, foram realizadas uma série de apresentações da cultura local de Cuiabá e do Mato Grosso. O grupo Flor de Atalaia, de siriri, foi o primeiro a se apresentar. Criado em 2003, o grupo reúne crianças, jovens e adultos, que cantam e dançam o ritmo típico cuiabano. Em seguida, Abel Anjos, docente da área de música da UFMT, apresentou aos docentes a viola-de-cocho, instrumento tradicional do Mato Grosso do qual ele é um dos grandes divulgadores, e tocou algumas músicas de vários gêneros – entre eles o cururu, também tradicional do centro-oeste brasileiro.

Em seguida, foi composta a mesa de abertura do 36º Congresso. Foram chamados ao palco Eblin Farage, Alexandre Galvão e Amauri Fragoso de Medeiros, presidente, secretário-geral e tesoureiro, respectivamente, do Sindicato Nacional. Também compuseram a mesa Evandro Silva, reitor da UFMT; Vanderli Escarabeli, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); Kelly Martins, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMT; Gibran Jordão, da Fasubra; Felipe Brito, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST); Fabiano Farias, do Sinasefe; Juliana Iglesias, do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS); Maria Lúcia Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida; Saulo Arcangeli, da CSP-Conlutas; Vitor Oliveira, 1º vice-presidente da Regional Pantanal do ANDES-SN; e Reginaldo Araújo, presidente da Adufmat-SSind.

Saulo Arcangeli, representante da CSP-Conlutas, iniciou sua intervenção lembrando o papel do ANDES-SN como referência das lutas populares e da defesa da educação pública. “Durante os treze anos de governo de frente popular, o ANDES-SN encabeçou a luta contra as medidas de desvio de dinheiro público para a educação privada, em programas como o Prouni, o Fies e o Pronatec. Durante o ano passado, o Sindicato Nacional teve papel fundamental na luta contra o ajuste fiscal, realizando manifestações contra a PEC 55 em conjunto com estudantes que ocupavam suas escolas, institutos e universidades”, afirmou o sindicalista, que ressaltou a necessidade da construção de uma grande Greve Geral para barrar os ataques.

“A CSP-Conlutas continua chamando as centrais sindicais para a construção de uma grande Greve Geral. Temos a clareza de que o capital só vai sentir na pele quando os trabalhadores e a juventude pararem o país, só assim poderemos barrar as reformas da Previdência e Trabalhista”, concluiu Saulo, conclamando os delegados presentes a reafirmarem a defesa da Greve Geral como uma das estratégias do ANDES-SN para 2017.

Já Reginaldo Araújo, presidente da Adufmat-SSind, deu as boas-vindas aos presentes, saudando-os. Ele lembrou um pouco da história da seção sindical e ressaltou as contradições sociais e políticas do Mato Grosso e de sua capital. “Cuiabá é uma cidade de contradições e resistências. A região se desenvolveu com a extração de ouro e de força de trabalho indígena, e hoje vive do agronegócio, o que faz da disputa pela terra uma questão fundamental do Mato Grosso”, disse, lembrando Teresa de Benguela, que liderou uma grande resistência quilombola à capitania do Mato Grosso, no século XVIII. O docente citou ainda as ocupações estudantis de escolas e da UFMT como símbolos recentes da resistência mato-grossense, assim como a greve dos servidores públicos estaduais em 2016, que durou mais de um mês e reuniu trinta categorias diferentes.

Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, realizou a intervenção final da plenária de abertura. Em sua fala, a docente lembrou que 2017 é o ano do centenário da Revolução Russa e da primeira Greve Geral do Brasil, além do cinquentenário do assassinato de Ernesto “Che”Guevara. “É importante iniciar esse congresso rememorando a luta dos trabalhadores de todo o mundo, que, por seus erros e acertos, tem muito a nos ensinar”, disse. “2016 foi um ano muito duro e o ANDES-SN não se furtou a fazer os embates necessários em defesa dos direitos sociais”, completou, lembrando as mobilizações da categoria, que teve diversas universidades estaduais em greve durante o último, e que, também, realizou a Greve Nacional Docente contra a PEC 55 e a Reforma do Ensino Médio.

“Tínhamos certeza de que o desafio era construir a Greve Geral, mas, infelizmente, não foi possível. No entanto, não nos furtamos da responsabilidade de colocar a categoria docente em movimento para, junto com os estudantes que realizavam ocupações, e junto com Fasubra e Sinasefe, avançar na luta e dizer não a esse governo que aprofunda a retirada de direitos e coloca o país como capacho do capital internacional”, afirmou Eblin, para quem as medidas do governo e do Congresso Nacional têm como objetivo retirar diretos da classe trabalhadora.

“Temos que ser capazes de reagir à altura dos ataques em 2017. Temos que barrar a contrarreforma da Previdência, uma das mais cruéis da nossa história, que põe fim a direitos historicamente conquistados, e mexe até na aposentadoria por invalidez. É uma contrarreforma que faz com que os brasileiros não queiram aumentar a expectativa de vida. É cruel em sua essência, cruel com quem constrói esse país”, criticou a presidente do ANDES-SN.

Eblin Farage terminou sua intervenção falando da importância da unidade na luta que o Sindicato Nacional deve construir com as demais categorias da classe trabalhadora e com a juventude. “Agora é a hora de ir para a rua, junto com as mulheres, junto com negros e negras, junto com LGBTs”, disse a presidente, que ainda citou desafios internos do ANDES-SN, como avançar nas questões financeiras e, também, fortalecer ainda mais a CSP-Conlutas nos estados e municípios.

Após a exibição de um vídeo alusivo ao centenário da revolução russa e da primeira greve geral do Brasil e em memória aos 50 anos do assassinato de Che Guevara e de Fidel Castro, que faleceu no fim do ano passado, e a apresentação da Internacional – hino da luta dos trabalhadores em todo o mundo, tocado em viola de cocho e clarinete e cantada pelo professor Roberto Boaventura, acompanhado por todos os participantes. Eblin Farage declarou, então, aberto o 36º Congresso do ANDES-SN.

Fonte: ANDES-SN


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