Com debate sobre Escola sem Partido, Comitê da Educação Contra a Violência e a Intolerância é lançado

5 de dezembro de 2018

Na noite de ontem (4), dezenas de professores, estudantes e representantes de entidades sindicais e movimentos sociais se reuniram no pátio do campus Reitoria para debater o enfrentamento necessário ao projeto Escola sem Partido. Mais do que uma reunião para construção da resistência, a atividade marcou o lançamento do Comitê da Educação Contra a Violência e a Intolerância.

A frente é uma iniciativa de vários grupos representativos relacionados à educação pública, incluindo a APUFPR-SSind. De acordo com o presidente da seção sindical, Herrmann Vinícius de Oliveira Muller, o Comitê será um espaço de orientação para docentes que sejam vítimas de perseguição política, além de fazer um trabalho de conscientização com outros setores da sociedade.

“Estamos compondo um grupo que não estará apenas acolhendo as denúncias de cerceamento da liberdade de cátedra, mas também dialogando com a sociedade sobre a questão. Será um processo importante não apenas para a luta pela educação, mas também para a formação dos estudantes”, explicou Herrmann.

A docente Monica Ribeiro da Silva, do Observatório do Ensino Médio da UFPR, vê o Comitê como uma poderosa ferramenta na luta em favor do livre exercício da docência. “A iniciativa vai fortalecer a educação e lutar pela possibilidade de que a gente possa ser professor sem ter que enfrentar a censura e a mordaça, respeitando a Constituição Federal”, afirmou.

Debate
As discussões abordaram o Projeto de Lei (PL) 7.180/2014, principal aposta dos setores que pretendem instituir a mordaça aos professores em todo o Brasil, e também as mais de 150 propostas similares que tramitam nas diferentes esferas e pretendem criminalizar a atuação dos profissionais da educação no ambiente educacional.

A estratégia de criar instrumentos jurídicos para coagir docentes é mais do que um mero ataque àqueles que pensam politicamente diferente dos formuladores e dos patrocinadores do projeto. A intenção é desacreditar a pesquisa científica, o conhecimento e, sobretudo, as liberdades democráticas.

Os defensores do Escola sem Partido querem instaurar um clima de “caça às bruxas”, impondo uma atmosfera de medo que impeça o exercício da docência, o ato de instigar a reflexão e o incentivo ao amplo debate de ideias.

Durante o evento, o tema foi apresentado por uma mesa composta por professores de instituições públicas em vários níveis de ensino. Um deles foi o professor aposentado do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) Valério Arcary. Historiador e autor do livro As esquinas perigosas da história, Arcary considera o Escola sem Partido uma clara investida contra a liberdade de expressão. “Trata-se de uma campanha nacional de patrulhamento ideológico. É um incentivo ao denuncismo para ameaçar os docentes, mas nós vamos resistir”, afirmou.

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