Ciências da Terra e Tecnologia também debatem o Future-se

21 de agosto de 2019
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Lançado em 17 de julho, o projeto Future-se chegou como promessa de inovação no gerenciamento e na captação de recursos para universidades federais. Dentro das instituições, porém, o documento angaria apenas gradativa rejeição.

O fato não espanta ninguém. Segundo o presidente da APUFPR, Paulo Vieira Neto, a proposta do atual ministro da educação, Abraham Weintraub, nada mais é que uma tentativa de autossustentação, ancorada na mudança profunda sobre o papel das instituições. Sendo o terceiro a ocupar o cargo em apenas três anos – antecedido por Rossieli Soares da Silva, do governo Temer, e por Ricardo Vélez Rodríguez, do governo Bolsonaro –, Weintraub parece muito mais preocupado em mostrar serviço para uma parcela radical da população do que com a educação brasileira de fato.

Nesta conjuntura, os setores de Ciências da Terra e de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) dedicaram a tarde de ontem (20) para a discussão do tema em reunião setorial ampliada. O encontro aconteceu no auditório da Administração do Centro Politécnico.

Assim como ocorrido nos debates promovidos pelos setores de  Educação Profissional e Tecnológica (SEPT), de Artes, Comunicação e Design (SACOD) e do Litoral, houve uma análise do aspecto jurídico para auxiliar na compreensão do documento. A novidade ficou por conta da professora do Departamento de Geomática Daniele Pontes, que fez uma ótima análise do programa e seus impactos. Apesar de todos os esforços para apresentar diferentes visões sobre o tema, tem sido unânime o veredicto de fragilização da universidade.

O presidente do sindicato lembrou do papel histórico da universidade: “Em 930 anos, a universidade no mundo passou por revoluções, pestes, mudanças de governo e sobreviveu. A Universidade Federal do Paraná tem 106 anos e sobreviverá igualmente a qualquer ataque”, afirmou categoricamente.

Já o secretário-geral da APUFPRPaulo Ricardo Opuszka, tocou em um ponto sensível: o Future-se anula completamente os programas de extensão, ignorando, inclusive, que estes são a essência de muitos setores acadêmicos. “Ainda que não sejam práticas, há disciplinas aqui fundamentais para a educação, e serão aniquiladas por este programa”, avaliou.

Concordando com os riscos apresentados, o diretor administrativo do sindicato, Eduardo Salamuni, foi enfático: “Estimular a competição entre departamentos –  termo este que está no documento – destrói a cooperação entre eles. Nós estimulamos que pesquisa e extensão trabalhem juntas. Mas, no Future-se, trata-se de um fator meramente mercadológico”.

Vale lembrar que os encontros são iniciativas dos próprios setores da UFPR E estão proporcionando o debate sobre o projeto entre docentes, servidores e estudantes. Os encontros estão permitindo a reflexão sobre soluções e darão elemento para que a própria universidade se posicione sobre o tema.

Por isso, é fundamental que todos participem dos encontros nos setores, levem suas considerações e alertem sua comunidade sobre o que está por vir. Todo esforço para impedir a destruição da universidade federal como ela é vale a pena.

Na próxima terça-feira (27) haverá debate no Conselho Universitário (Coun) da UFPR. Não falte!


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