Chilenos protestam novamente contra sistema privado de aposentadoria

Milhares de chilenos saíram, mais uma vez, às ruas de todo o país na segunda-feira (24) para dizer não às Administradoras de Fundos de Pensão (AFP), que são atuais gerenciadoras do sistema de aposentadorias do Chile. Com faixas e cartazes, os manifestantes reivindicaram o fim do sistema privado de Previdência, implantado há mais de 35 anos, e a implementação de um sistema de distribuição de renda de solidariedade. A manifestação, além de repudiar o atual sistema previdenciário chileno, marca também o aniversário de um ano do dia 24 de julho de 2016, quando milhares de trabalhadores e suas famílias se manifestaram contra as AFP.

Pela manhã, os trabalhadores fizeram barricadas em diversas regiões do país e, ao meio dia, se reuniram em praças públicas, como a Praça do Nunoa, em Santiago, onde fizeram um panelaço chamando a atenção da sociedade e governo. Com o crescimento dos escândalos envolvendo os dirigentes das AFP, que favorecem o sistema financeiro e pagma aposentadorias cada vez menores, os chilenos passaram a protestar contra o sistema privado de previdência. As administradoras foram criadas durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

A marcha foi convocada pelo grupo “No + AFP” – em tradução livre “Não mais as Administradoras de Fundos de Pensão” -, criada por movimentos sociais e sindicais e que organiza há anos a luta contra a previdência privada. Em março deste ano, milhões de chilenos protestaram contra o modelo, exigindo a retomada do sistema previdenciário público, universal e por repartição.

Os chilenos também criticam as altas aposentadorias dos ex-funcionários das Forças Armadas e do Centro Nacional de Inteligência (CNI), pensões de invalidez, embora estes não apresentem qualquer incapacidade física. O caso mais conhecido é o de Pinochet Hiriart Augusto, filho do falecido ditador, que desde 1979 recebe uma pensão por invalidez de 900 mil dólares por mês.

Previdência chilena

Desde 1981, a Previdência chilena funciona por meio de uma conta de contribuições forçadas, com trabalhadores destinando 10% de seus salários para as Administradoras de Fundos de Pensão, que funcionam de maneira similar aos fundos de pensão brasileiros, como o Funpresp. Quando se aposentam, os trabalhadores chilenos recebem aposentadorias menores do que os valores investidos ao longo dos anos.

As AFP administram mais de 150 milhões de dólares provenientes dos salários dos trabalhadores, e utilizam essa quantia para investir em empresas ou em ações na bolsa de valores. As perdas dessas operações são socializadas entre os trabalhadores, o que faz com que muitos tenham que seguir trabalhando após a aposentadoria.

Em janeiro de 2017, o jornal El Desconcierto denunciou que as AFP investiram mais de 120 milhões de dólares (mais de R$ 380 milhões) nos últimos dez anos em operações financeiras ilegais. A maioria desse dinheiro foi investida em ações de alto risco, proibidas pela legislação previdenciária chilena. As AFP administram anualmente no Chile um valor semelhante à soma dos Produtos Internos Brutos (PIB) de Jamaica, Paraguai, Honduras, Bolívia, Eslovênia e Montenegro.

Com informações de No+AFP, El Ciudadano e El Desconcierto. 

Fonte: ANDES-SN


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