Carta à Entidades Representantes de Classe

15196025_381207198889258_3977740244057711863_o

A presente carta é enviada pela Frente de Apoio a Luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras Terceirizados em nome da campanha “Tem Sangue no Feijão Que Te Alimenta” em busca do apoio frente á postura da Reitoria e da Empresa Blumenauense em conluio contra a organização dos trabalhadores terceirizados dos Restaurantes Universitários da Universidade Federal do Paraná.

Como de costume na tradição de rotatividade das empresas que prestam serviço no Restaurante Universitário, uma nova empresa assumiu o serviço, sendo essa a Empresa Blumenauense que iniciou os trabalhos nos restaurantes com um corte gigantesco do número de funcionários se comparado com as empresas anteriores, passando de 250 para 129 trabalhadores, que passam a fazer não apenas os serviços da preparação da alimentação, como nas licitações anteriores, como também da limpeza do espaço, antes realizado por empresa diversa que contava com um adicional de trabalhadores.

O resultado deste corte de funcionários, somado a mudança de atribuições da licitação e o aumento do número de refeições, que são de 7500 diariamente providas aos estudantes, foi a intensificação do ritmo de trabalho a níveis absurdos, ocasionando em um ambiente de trabalho desgastante fisicamente e mentalmente, levando ao aumento do número dos acidentes de trabalho, principalmente queimaduras e a instabilidade emocional.

O Sindicato dos Empregados em Empresas de Restaurantes Coletivos (SEERC) deveria ser o representante sindical da categoria, mas peca pela falta de consequência em dirigir a reivindicação da categoria, tendo que ser pressionada para que cumprisse com suas obrigações como representante da classe, porém no processo que tramita no Ministério Público do Trabalho o SEERC se manifestou afirmando que não é o representante da categoria abandonando a mesma em um momento de urgência.

Na carência de uma representação sindical, a Frente de Apoio a Luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras Terceirizadas, junto a esses trabalhadores passou a se mobilizar para lutar pelo reestabelecimento do número de funcionários das licitações anteriores, porém batemos de frente com a resistência da empresa, que queria gastar o menor valor possível com o quadro de funcionários e a universidade, completamente resistente a possibilidade de incorporar o número de funcionários necessários para constituir um ambiente de trabalho saudável, seu posicionamento segue a tendência dos cortes nos serviços públicos, em particular na UFPR, de que os cortes rebentem inicialmente nas condições de trabalho e vida das categorias terceirizadas, relegadas ao breu em termos de representação sindical consequente.

A postura que carece de consequência para resolver os problemas dos trabalhadores por parte da Reitoria e a intransigência da Empresa Blumenauense levou a FALTT a mobilizar o movimento estudantil na campanha “Tem Sangue no Feijão que te Alimenta”, em solidariedade a luta dos terceirizados da cozinha do restaurante universitário. A pressão política desta Campanha somada ao medo de que os trabalhadores realizassem uma paralisação trouxe o saldo da contratação de alguns novos trabalhadores, amenizando em alguma medida o ritmo de trabalho nos restaurantes, porém não podemos pensar que estas contratações caíram dos céus e que elas vão se manter, resolvendo os problemas dos terceirizados, e a prova disso é que após estas novas contratações, novas demissões já aconteceram.

Mesmo quando são convocadas assembleias com aprovação do sindicato, assembleias legítimas por lei, para os trabalhadores poderem se reunir e discutir sobre seus rumos, a empresa aparece antes no local de trabalho para coagir os trabalhadores a não participarem das assembleias com frases de “pode ir, mas quem for vai sofrer consequências”, tendo da Reitoria completo aval para isso acontecer, já que isso acontece continuamente sem consequências à empresa. Mesmo os trabalhadores que sequer vão para as assembleias são parados por nutricionistas e supervisores e são assediados com questionamentos e cobranças de “quem aqui foi para assembleia?” e colocados contra a parede com questionamentos incessantes para “dizerem a verdade”.

A empresa Blumenauense em conluio com a Universidade Federal do Paraná praticou ato claramente anti-sindical ao encaminharem a demissão de 16 trabalhadores, muito desses se destacavam, se postando de maneira mais firme em oposição ás arbitrariedades dos responsáveis pelo restaurante.

Diante desse cenário, os estudantes da UFPR, a comunidade acadêmica em geral, precisa tomar lado: ou estão com os trabalhadores terceirizados ou estão com a Reitoria. É necessário tomar um lado, ou se está ao lado de um movimento combativo, junto aos trabalhadores terceirizados, junto àqueles que trabalham, lutando contra a destruição da universidade pública que está em curso, ou se está ao lado daqueles que se vendem, ao lado da Reitoria, submissa e ajoelhada perante o sujo governo federal.

Em decorrência do nível das ações da Reitoria e empresa Blumenauense com seus atos de oposição a organização da luta dos trabalhadores, a Frente de Apoio a Luta dos Trabalhadores Terceirizados decidiu partir para a ação política em conjunto com os trabalhadores que foram demitidos discriminatoriamente, em caráter abusivo.

No dia 10 de abril, a Frente de Apoio a Luta dos Trabalhadores Terceirizados e Trabalhadoras Terceirizadas, sob a face da campanha “Tem Sangue no Feijão que te Alimenta” realizou uma ação de ocupação política ao Departamento de Serviços Gerais (DSG), responsável pelo pagamento dos contratos das empresas terceirizadas da Universidade Federal do Paraná e licitações em geral.

A UFPR é responsável pela fiscalização da efetivação dos direitos trabalhistas das categorias que lhe prestam serviço, seja da limpeza, da manutenção, dos restaurantes universitários, da recepção, entre as diversas outras categorias, que por mais que sejam ignorados pela administração da universidade e não façam parte da “comunidade acadêmica”, são responsáveis pela Universidade Federal do Paraná ser o que ela é, pela manutenção de milhares de estudantes na universidade pública.

Muita desinformação foi divulgada nas mídias, afirmando que existiriam reféns em cárcere privado. Absurdo. A ocupação como qualquer outra ação política envolve contradições, que levaram alguns servidores a se negarem sair do espaço, interesse de permanência que foi respeitado pelo movimento que liberava a saída dos trabalhadores desde o início da ocupação. Além disso a ocupação foi construída de maneira pacífica, envolvendo apenas conflitos de debate entre o movimento, que por um lado fundamentava sua decisão e os servidores da universidade, que por outro lado continuavam afirmando que nada teriam de ligação com aqueles trabalhadores.

No dia 11 de abril foi realiza a primeira reunião da mesa de negociação entre a Comissão de Negociação da ocupação e os representantes da universidade que não caminhou em nada. Os representantes da universidade afirmaram que a existência prêvia de um processo no Ministério Público do Trabalho, representando a via judicial, obstrui a possibilidade de a universidade tomar a decisão de reintegrar os trabalhadores pela via administrativa, pela vontade institucional da universidade. A argumentação da universidade é ardilosa, pois se aprofundando no tema descobrimos que uma coisa não entra em contradição com a outra, nem mesmo lógica teria, pois significaria afirmar que a averiguação do Ministério Público seria responsável por impedir a administração pública de a universidade tomar qualquer decisão sem ser motivada externamente, como se não existisse quaisquer poderes da universidade como fiscalizadora do contrato, como se estivesse de mãos atadas. Não acreditamos.

Na 2ª Plenária da Ocupação do Departamento de Serviços Gerais foi decidido que a ocupação será mantida até que a universidade cumpra com suas competências de fiscalização das abusividades trabalhistas e reintegre os trabalhadores demitidos discriminatoriamente. A ocupação do Departamento de Serviços Gerais não tem previsão de desocupação até que os trabalhadores sejam reintegrados.

O objetivo desta carta é requisitar o apoio político das entidades representantes da classe, por sua destacada história de representante combativo da categoria, afim de que publicitem comunidade externa e sua categoria a luta dos trabalhadores terceirizados dos restaurantes universitários, prestando sua solidariedade, bem como se possível auxiliem materialmente, caso seja possível o movimento pela reintegração dos trabalhadores terceirizados, seja com ajuda de alimentos para refeições, compra de matérias de higiene, impressões de panfletos entre outras necessidades.

Agradecemos a solidariedade desde já!

Mais informações podem ser obtidas na página oficial da FALTT: https://www.facebook.com/frenteemapoioasterceirizadas/

Frente de Apoio a Luta dos Trabalhadores Terceirizados

Campanha Tem Sangue no Feijão que Te Alimenta

Fonte: FALTT


BOLETIM ELETRÔNICO


REDES SOCIAIS