
Mesmo isolado, deprimido pela derrota eleitoral e com medo de ser preso após deixar a Presidência, Jair Bolsonaro segue atacando a educação até os minutos finais de seu mandato, como explicitam os cortes no orçamento do MEC anunciados no início de dezembro.
Nesta quinta-feira (8), a pasta liberou uma pequena parte dos valores bloqueados: R$ 50 milhões, mas só para pagar as bolsas da educação básica.
Os bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado seguem fazendo pressão para que a Capes receba os R$ 150 milhões que faltam para contemplar os pesquisadores de pós-graduação no país.
A presidente da Capes, Cláudia de Toledo, que foi indicada pelo ex-ministro Milton Ribeiro (preso em junho por corrupção), afirmou que o MEC prometeu liberar o restante dos recursos e que o pagamento será feito dia 13.
O governo ainda não se comprometeu em devolver o restante dos recursos que retirou do MEC. A pasta diz que conseguiu recuperar cerca de R$ 460 milhões. Ainda faltarão mais de R$ 900 milhões.
Na pressão
Na quarta-feira (7), a ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos), a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a Ubes (União Brasileira dos Estudantes) entraram com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) requisitando o desbloqueio das verbas da educação, congeladas por Bolsonaro.
Relator do caso, o ministro Dias Toffoli deu um prazo de 72 horas para que o Governo Federal preste esclarecimentos sobre a questão.
A pressão foi fundamental para o MEC liberar parte dos recursos bloqueados. Ainda assim,
Residentes
Os cortes orçamentários no MEC também colocaram em risco o pagamento dos cerca de 14 mil médicos residentes que trabalham em hospitais universitários federais.
A residência médica é um tipo de pós-graduação e seriam necessários R$ 65 milhões para as remunerações de dezembro.
O Conselho Federal de Medicina (CFM), autarquia que regulamenta a profissão e, muitas vezes, tenta ocupar o papel de representação profissional, divulgou nota lacônica sobre o fato. Vale lembrar que o CFM assumiu papel vergonhoso durante a pandemia de Covid-19, apoiando ações negacionistas do governo Bolsonaro, especialmente no uso da cloroquina (comprovadamente ineficiente para a doença), e silenciou sobre falsos tratamentos – fato que levantou muitas dúvidas sobre o comprometimento dos dirigentes do órgão).
Fonte: APUFPR