Candidatos “liberais” ignoram valorização do servidor público em debate presidencial

29 de agosto de 2022
APUFP- Debate eleições
Estadão

Cercado por muita expectativa e nervosismo, o primeiro debate das eleições presidenciais de 2022, realizado no domingo (28), não tematizou algumas das principais questões da administração pública, como a urgente e necessária valorização do serviço público e de seu funcionalismo.

Dos seis candidatos participantes, apenas o desconhecido e inexpressivo Luiz Felipe D’Ávila, do partido NOVO (conhecido como startup dos banqueiros), abordou a questão do serviço público, só que defendendo sua completa privatização (de forma enfadonhamente insistente).

Enquanto Lula (PT) mostrava os feitos de seu governo, inclusive o crescimento do ensino superior, Jair Bolsonaro (PL) tentava se defender de temas sensíveis (especialmente dos erros na pandemia e sua reiterada misoginia). Já Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) não demonstraram preocupação com a valorização e as condições de trabalho dos servidores públicos.

 

O NOVO sendo a velha política oligárquica

Empresário e neto de um ex-deputado federal, Luiz Felipe D’Ávila foi o único candidato que abordou questões concernentes ao serviço público e ao cotidiano dos servidores durante o debate. Seria melhor que não o tivesse feito.

Felizmente, sem expressividade, o desconhecido D’Ávila – chamado por Ciro Gomes, e apenas por ele, de “professor” – despejou a velha cartilha do NOVO, desqualificando o serviço público com termos desgastados como “cabide de empregos”, e associou-o a “privilégios”, enquanto endeusava o mercado como a solução para todos os nossos problemas.

Seu discurso, descolado da realidade da imensa maioria dos brasileiros, minimiza as causas das injustiças sociais, da fome e da miséria, dando a entender que a riqueza dependeria apenas do esforço individual e do benemérito do empresariado que, na (falta de) visão dele, estariam sempre dispostos a “ajudar” o país.

Apesar de ser o candidato a presidente com maior patrimônio declarado à Justiça Eleitoral (mais de R$ 24 milhões), disse que era uma pessoa igual ao restante dos brasileiros. Um tipo de declaração que, aos ouvidos de 99% dos brasileiros, soa como piada pronta.

D’Ávila ainda encontrou tempo para defender entusiasticamente o agronegócio, associando-o (pasmem) à preservação do meio ambiente. “O agro brasileiro é o que mais sofre quando se desmata no Brasil”, apontou, sem apresentar argumentos sólidos.

 

Prioridade?

Em um debate que durou cerca de três horas, a preocupação com o serviço público não esteve no foco dos embates diretos e nem nas perguntas de jornalistas que, por sinal, pouco questionaram sobre programas de governo e políticas públicas, focando mais nos conflitos entre os candidatos.

Sempre apresentando desenvoltura para espalhar mentiras e agressões, o presidente Jair Bolsonaro tentou enganar os espectadores ao afirmar que seu governo “tem um olhar todo especial para os pobres” (sendo que contribuiu para o aumento da miséria e da fome) e também procurou, com base em afirmações falsas, defender as supostas políticas de transferência de renda do atual Governo Federal – boa parte delas garantidas graças ao Congresso Nacional, contra a vontade do Executivo.

Bolsonaro também foi muito criticado pela péssima condução da pandemia de Covid-19 e pela falta de transparência, com sigilo de até cem anos em dados e documentos públicos para esconder informações.

Tebet e Thronicke abordaram questões relativas ao papel das mulheres na política, especialmente depois que Bolsonaro atacou, de forma machista, uma jornalista que havia lhe feito uma pergunta, e Ciro Gomes acusou Bolsonaro de “corromper” seus filhos e ex-mulheres.

A APUFPR espera que nos próximos debates haja mais propostas para o serviço público, para que fique mais claro as diferenças entre os projetos que estão colocados e quais interesses estão sendo representados por cada candidatura.

 

Fonte: APUFPR


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