Câmara pode votar cobrança de mensalidades nas universidades públicas (com apoio de oportunistas e de extremistas)

24 de maio de 2022
cobrança de mensalidades nas universidades

Ao que parece, deputados federais escolheram essa reta final da legislatura para colocar a educação pública brasileira em um novo capítulo de terror na história do Brasil.

Ou de comédia, mas de muito mau gosto.

Não bastasse aprovarem o vergonhoso projeto de homeschooling (que vai para o Senado), agora tiraram da gaveta outra aberração: a cobrança de mensalidade nas universidades federais.

Não é brincadeira. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados tem reunião convocada para hoje (24), às 13h, e poderá votar o parecer do Deputado Kim Kataguiri (UNIÃO/SP) pela admissibilidade da PEC 206/2019, que altera a Constituição Federal para permitir a cobrança de mensalidades nas universidades públicas.

Kim Kataguiri, que é militante da facção extremista neoliberal chamada MBL, foi alçado ao posto de presidente da Comissão de Educação da Câmara depois de ter defendido a existência de um partido nazista no Brasil. Em vez de ser punido, foi premiado pelos colegas parlamentares.

É difícil prever se a PEC terá condições políticas e sociais para avançar. Com a pior composição da história do nosso país, a atual legislatura vem tomando decisões absurdas que passam longe dos interesses da sociedade (muitas vezes, sobra para o Senado ou para a Justiça barrar projetos). Boa parte dos deputados (especialmente os eleitos com fake news e discursos radicais) sabe que não tem base social real e irão se engalfinhar pelos votos de pessoas que ainda transitam em bolhas extremistas. 

Se fizermos a resistência a ponto de impedir que aprovem o projeto, sobrará para eles a exaltação de suas bolhas de eleitores. Na prática, é esse o objetivo: palco para ganhar likes e engajamento, e talvez votos em outubro.

No meio disso, imporão mais uma avalanche de fake news contra os professores universitários (preparem seus estômagos), retomando as paranoias infantis que eles espalharam contra as universidades públicas nos últimos anos (“peladões”, plantações de maconha, laboratório de metanfetaminas e outras baboseiras que, inclusive, foram denunciados pela nossa diretoria e rederam condenações a um certo ex-ministro da Educação).

Outros estão apenas “dando retorno” aos setores econômicos que patrocinaram suas campanhas (como é o caso dos deputados que vomitam hipocrisias neoliberais em seus discursos vazios). Para eles, pouco importa se as universidades públicas e gratuitas são propulsoras do desenvolvimento e uma das principais formas de ascensão social no país.

Além de participar das articulações nacionais e locais, a APUFPR construirá outras formas de enfrentamento e convoca, desde já, os docentes e as demais categorias da UFPR para que se engajem nessa luta.

Coincidência?

Não parecer ser mera coincidência que essa PEC tenha voltado à baila poucos dias depois da divulgação de outra proposta vergonhosa chamada de “Projeto de Nação – o Brasil em 2035”, uma aberração elaborada por militares de pijama que inclui a cobrança de mensalidades em universidades públicas e o fim da gratuidade do SUS, entre outras barbáries.

Fonte: APUFPR

 

 


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